domingo, 21 de março de 2010

Curitiba - Na Vanguarda da Educação Ambiental

Sentados em cadeiras e carteiras garimpadas em meio ao lixo, a platéia de crianças ouve atentamente a aula de educação ambiental que a professora vai ministrando, tendo um quadro negro, também resgatado do lixão, como pano de fundo. Estas aulas destinam-se, freqüentemente, aos alunos dos mais diversos graus de escolaridade e têm como palco uma sala especialmente preparada na Usina de Valorização de Rejeitos, situada na Fazenda Solidariedade. É talvez um dos lados mais originais do programa de coleta seletiva de Curitiba, capital paranaense, e dá um bom indício de como a questão é levada a sério nesta cidade, conhecida pelos projetos inovadores e pela qualidade de vida de seus habitantes.

O programa de coleta seletiva de Curitiba já existe há 11 anos e atinge praticamente 100% da cidade sendo conhecido como "O Lixo que Não é Lixo". A coleta acontece de três formas diferentes: pela prefeitura, com sua frota de caminhões verdes; pelos coletores de material reciclável que integram a Cooperativa dos Coletores de Material Reciclável (Recopere) e ainda a Coleta Especial de Resíduos que cuida do lixo mais perigoso, como pilhas, lâmpadas, embalagens de remédios e de produtos químicos.

A face mais criativa do sistema ambiental da cidade é, sem dúvida, a Usina de Valorização de Rejeitos, situada em Campo Magro, município da Grande Curitiba, dentro da Fazenda Solidariedade. Ali o lixo é separado e preparado para a reciclagem. O papel é encaminhado às indústrias papeleiras, o ferro é levado para siderúrgicas, o vidro transparente vai para as cristaleiras, o vidro colorido para as fábricas de garrafas e artefatos deste material, o alumínio para as indústrias de metais não-ferrosos e as garrafas plásticas seguem para diferentes indústrias de reprocessamento.

Com este projeto o governo municipal conseguiu vários resultados. Um deles, a geração de empregos, com funcionários em dois turnos tocando a usina 14 horas por dia. Outro aspecto é o da economia de recursos, uma vez que a usina propicia novos produtos do que foi descartado pela sociedade. Há também os dividendos com a venda do material e por fim o aspecto mais importante, a educação ambiental. Quem trabalha na usina e quem visita o local aprende, na prática, a preservar o meio ambiente, porque percebe a importância da limpeza, da organização e da reciclagem. E todas as dúvidas são esclarecidas por uma educadora ambiental que recebe e orienta os visitantes.

Parcerias também são frequentemente adotadas como forma de contribuição para a melhoria do sistema de coleta seletiva da cidade. Melhoria, aliás, é algo para onde a população curitibana está sempre com os olhos voltados, afinal, é impossível manter-se o tão almejado padrão de qualidade de vida que tanto se orgulham, sem levar em consideração a questão ambiental.

Fonte: Ambiente Brasil

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