terça-feira, 30 de março de 2010

Água

Água poluída mata mais do que todos os tipos de violência, alerta ONU

Estudo da Unep aponta que pelo menos 1,8 bilhão de crianças com menos de cinco anos de idade morrem por ano em decorrência da má qualidade da água e da falta saneamento básico
Por Rogério Ferro, do Instituto Akatu




O mais recente relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep, na sigla em inglês) faz um alerta que merece atenção e ação de todos: o consumo e o uso de água não tratada e poluída matam mais do que todas as formas de violência, incluindo as guerras. Pelo menos 1,8 bilhão de crianças com menos de cinco anos de idade morrem a cada ano em decorrência da má qualidade da água e da falta de saneamento básico. O estudo foi divulgado no dia 22 de março – Dia Mundial da Água – em Nairóbi, capital do Quênia, na África.

O documento intitulado Limpar as águas: um enfoque em soluções de qualidade da água (tradução livre) afirma que as crianças são as principais vítimas da “água doente”, representando uma morte no mundo a cada 20 segundos, por isso o alerta para a necessidade de adoção de medidas urgentes. "Se o mundo pretende... sobreviver em um planeta de seis bilhões de pessoas, caminhando para mais de nove bilhões até 2050, precisamos nos tornar mais inteligentes sobre a administração de água de esgoto", disse o diretor da Unep, Achim Steiner. "O esgoto está literalmente matando pessoas."

Segundo o estudo, a água contaminada é também um dos fatores chave para o aumento de mortes de vidas vegetais e animais em mares e oceanos de todo o mundo. São dois milhões de toneladas de resíduos, que contaminam cerca de dois bilhões de toneladas de água diariamente, causando gigantescas "zonas mortas" e sufocando recifes de corais e peixes.

“Trata-se de um dado concreto de que nós, humanos, somos diretamente prejudicados por nossas ações irresponsáveis contra o meio ambiente. Portanto, espera-se que informações como essas possam sensibilizar aquela parcela da população que ainda não se preocupa com a conservação do meio ambiente, que descartam de forma incorreta materiais perigosos para a saúde humana”, afirma Heloisa Mello, gerente de operações do Instituto Akatu. “Por outro lado, é um estímulo e incentivo para aqueles que têm essa preocupação, no sentido de que devem redobrar seus esforços, sensibilizando familiares, vizinhos e até colegas de trabalho”, completa.

Problema será maior nos próximos anos
Ainda de acordo com o relatório, as populações urbanas deverão dobrar de tamanho nas próximas quatro décadas. A projeção, portanto, é que os números subam dos atuais 3,4 bilhões para mais de 6 bilhões de pessoas. Nas grandes cidades já há carência de gestão adequada das águas residuais em decorrência do envelhecimento do sistema, de falhas na infraestrutura ou de esgoto insuficiente.

“O consumo consciente passa por exigir e pressionar as entidades competentes (governos e empresas) induzindo-as a disponibilizem estrutura necessária para que o nosso consumo cause menos impactos possíveis ao meio ambiente, à economia e à sociedade. Isso vai desde a escolha do produto que compramos, dando preferência às marcas ou empresas social e ambientalmente responsáveis, até ao acompanhamento das ações do vereador, do prefeito ou do deputado em que votamos”, propõe Mello.

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