domingo, 23 de maio de 2010

A poluição que ninguém vê

Hormônios, nanomateriais e remédios poluem a água. O problema é que ainda não se sabe ao certo como lidar com eles
Priscila Jordão
Revista Info Exame – 05/2010

Quando passamos ao lado de um rio poluído, o mau cheiro denuncia a péssima qualidade da água. A cor escura ou a presença de espuma também apontam que algo vai mal. Mas o que fazer quando a poluição não pode ser vista com facilidade? A água parece limpa, mas está contaminada por um tipo de poluente praticamente invisível, difícil de detectar, não legislado no Brasil e com efeitos em grande parte desconhecidos. Essa é a nova preocupação dos cientistas que estudam os agentes poluidores da água e, consequentemente, seus efeitos sobre a vida. As substâncias se reúnem sob o nome de contaminantes emergentes e estão presentes em bens de consumo da vida moderna, como protetores solares, remédios, materiais para retardar chamas, pesticidas e nanomateriais.

“Ainda há poucos estudos na área, mas devido às aglomerações urbanas e ao saneamento precário, que aumentam a concentração dessas substâncias, elas podem trazer riscos ao ambiente e à saúde”, diz Wilson Jardim,pesquisador do Laboratório de Química Ambientalda Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente, são conhecidos cerca de três milhões de compostos sintéticos - número que aumenta entre 5% e 10% todos os anos. Em média, 200 toneladas deles são produzidas nesse período, sendo que entre 20% e 30% podem contaminar a água e atingir os animais e o homem.

Hormônios também poluem

Alguns dos compostos emergentes mais estudados são os hormônios. Por fazer parte da nossa vida, parecem inofensivos. Mas o crescimento das metrópoles e o despejo de esgoto nos rios aumentaram sua concentração na água que usamos. O fenômeno é causado tanto por hormônios naturalmente excretados pelas mulheres, quanto por substâncias presentes em plásticos, agrotóxicos e pílulas anticoncepcionais. “Todas elas têm ação estrogênica e mesmo quando não são hormônios reais, agem no corpo de forma parecida”, diz Mércia Barcellos da Costa, bióloga da Universidade Federal do Espírito Santo. Segundo a pesquisadora, um desses compostos, o tributilestanho (TBT), provoca mudança de sexo de algumas espécies de animais. Ele é usado para revestir cascos de navios e evitar a incrustação por algas, mexilhões, cracas etc. Ainda há muita controvérsia sobre os efeitos da exposição prolongada em humanos.

Suspeita-se que o contato com a água com excesso de hormônios esteja antecipando a menstruação das meninas. Ela também poderia deixar os homens mais femininos e até causar câncer. Por enquanto, nenhuma dessas hipóteses foi confirmada. Estudos internacionais nas áreas de biologia e química constataram modificações anatômicas sérias em animais que vivem em regiões com água contaminada. No mundo, cetáceos como golfinhos e baleias estão contaminados e foram descritas mutações em moluscos e crustáceos. “São modificações que podem comprometer a reprodução de uma espécie e causar até mesmo sua extinção”, diz Mércia. Ela verifi cou o desaparecimento de populações inteiras de moluscos no litoral capixaba. Bruno Sant’Anna, biólogo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), também se deparou com alterações nos caranguejos ermitões de São Vicente, no litoral do estado de São Paulo. ”Comecei a investigar e percebi que as fêmeas da espécie estavam se masculinizando. Isso acontece em 2% a 8% das populações dos ermitões”, afirma. Não por acaso, as regiões mais afetadas são próximas a portos, já que os navios carregam a substância, que é considerada tóxica e se acumula nos organismos por longos períodos.



“Nenhum artigo mostra claramente a presença do fulereno no ambiente, mas investigações já são feitas de forma preventiva”, diz Monserrat. A ideia do grupo é estabelecer limites referenciais desses compostos, para o momento em que sua presença na água atingir índices elevados. Monserrat suspeita também de que os nanotubos de carbono tenham efeitos parecidos aos do fulereno. Esses materiais são uma tendência promissora para aperfeiçoar produtos eletrônicos, tais como chips e baterias. O uso deles deve aumentar exponencialmente nos próximos anos. O problema de estabelecer referenciais de segurançapara os nanomateriais está na dificuldade de realizar pesquisas com eles. “A principal problemática é determinar a diferença entre resultados de laboratório e os reais danos ao meio ambiente”, diz Monserrat. Como aspartículas são muito pequenas, elas podem sejuntar. Com isso, apresentariam em laboratório reações diferentes das que teriam no ambiente. Além disso, elas têm diversas confi gurações quando estão na natureza e podem reagir com outros compostos. Estudos dinamarqueses conseguiram demonstrar que o contato do fulereno comoutros compostos também produz reações tóxicas.

REMÉDIOS QUE CAUSAM DOENÇAS

Assim como os hormônios, que fluem constantemente pelo corpo humano, substâncias presentes em remédios também são eliminadas pelo organismo. Pelo esgoto, elas atingem os rios. O químico Marco Locatelli, da Unicamp, está desenvolvendo uma pesquisa no rio Atibaia, que abastece entre 92% e 95% dos habitantes da cidade de Campinas, no interior paulista. O objetivo é encontrar a presença de antibióticos nas águas da região. Locatelli já detectou na bacia os oito principais antibióticos mais usados pelas pessoas, como cefalexina e amoxicilina. “A presença dos compostos é um perigo para o ambiente, pois eles favorecem a geração de bactérias mais resistentes”, afirma Locatelli. Não são somente os antibióticos que podem causar problemas. Estudos feitos em Chicago, nos Estados Unidos, encontraram outros remédios, como anti-hipertensivos, antidepressivos, anti-histamínicos e anticonvulsivos, em peixes. O mesmo ocorre em outras partes do mundo, como a França, onde algumas das substâncias já passam por tratamento.

Por estar em quantidades muito pequenas, como microgramas e nanogramas, os compostos ainda não afetam os seres humanos, mas já atingem a fauna.

Veja o quadro: Onde está a água do planeta?

Em países asiáticos, a situação pede mais cuidados, devido ao alto consumo de peixes e frutos do mar. Lá, o caso do tributilestanho preocupa, poisestudos demonstram altos níveis do contaminante nos peixes e já existe até uma regulamentação. A Agência Europeia para Segurança Alimentar estabeleceu limites máximos para a presença das substâncias na comida. O bisfenol A, composto com atividade hormonal, foi banido em diversos países.

COMO ESTUDAR O INVISÍVEL?

Para detectar a presença de poluentesque estão noesgoto humano, os pesquisadores usam substâncias indicadoras. Uma delas é a cafeína, presente em refrigerantes, energéticos, sucos e nos fármacos. Ela é um indicador do grau de contaminação. Quando encontram cafeína, os pesquisadores sabem que provavelmente acharão outros compostos, como hormônios e antibióticos. Mesmo com essas estratégias, a pesquisa na área não é simples. “Quem trabalha com isso tem um grau de frustração frente a respostas que não podem ser fornecidas”, diz Wilson Jardim, da Unicamp. Para ele, fazer relações de causa e efeito com as substâncias é um estudo a longo prazo, pois as respostas são diferentes entre os organismos. Para os seres humanos, é difícil estabelecer orisco de ingerir água que contém 1 micrograma de um agente contaminante.

“Sabemos que as concentrações encontradas na água bruta afetam os corpos aquáticos”, afirma Jardim. Seu grupo de pesquisa está analisando fungos modifi cados geneticamente com células humanas, para tentar descobrir se essas substâncias afetariam as pessoas. O problema é que os resultados são demorados e dependem de outras pesquisas. “Independentemente do progresso dos estudos em humanos, qualquer impacto sobre o ambiente afeta o homem no final”, diz Mércia Barcellos da Costa. Os animais contaminados podem não fazer parte da dieta humana, mas causam refl exos globais. Pela cadeia alimentar, a poluição atinge áreas como o polo Norte. Lá, os ursos polares estão tendo menos filhotes, devido aos interferentes hormonais. São os primeiros sinais de um inimigo ainda camuflado.

O NÓ DA QUALIDADE

Um dos problemas com os contaminantes emergentes é a falta de um padrão de qualidade nas regulamentações do Ministério da Saúde, que estabelece indices para a potabilidade da água. Com isso, um poluente é ou não contaminante, dependendo da dosagem. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) estuda como filtrar os componentes perigosos, mas espera o ministério estabelecer a quantidade que deve ser removida da água.

COMO SE LIVRAR DOS POLUENTES

Osmose reversa, oxidação química, carvão ativado e ozonólise são formas de limpar poluentes invisíveis. Em algumas empresas desaneamento, a osmose reversa já é usada para remover outros tipos de poluentes. O desafio é levar essas formas de limpeza à maioria das estações. “Elas precisam ter suas linhas de tratamento modificadas, o que envolve investimentos elevados”, diz Américo Sampaio, gerente do departamento de inovação da Sabesp.

A vez da biodiversidade

No Ano Internacional da Biodiversidade, da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, sobre o tema e da 10ª COP sobre Diversidade Biológica, o superintendente de conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti, que esteve presente na reunião preparatória para este encontro, terminada às vésperas do Dia da Biodiversidade, conta quais são as expectativas e os principais desafios para chegarmos a um resultado satisfatório de conservação da natureza, tanto do ponto de vista econômico, quanto socioambiental

Thays Prado - Edição: Mônica Nunes
Planeta Sustentável - 22/05/2010

A perda da biodiversidade vem preocupando não apenas cientistas e representantes da sociedade civil organizada, mas também economistas, empresários e alguns governos. Em função das mudanças climáticas e da destruição dos diversos ecossistemas pelo ser humano, mais do que nunca, presenciamos o desaparecimento de inúmeras espécies que sequer chegamos a conhecer ou catalogar.

Por isso, 2010 foi considerado, pela Organização das Nações Unidas, o Ano Internacional da Biodiversidade. Em outubro, a cidade de Nagoya, no Japão, recebe também a 10ª COP/CBD - Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, que vai avaliar o desempenho dos países-membros no cumprimento do plano estratégico da CBD, redigido em 2002, além de elaborar um novo período de compromissos para a conservação da biodiversidade, a promoção do uso sustentável dos recursos naturais e a distribuição justa dos benefícios obtidos com essa utilização.

O Panorama Global da Biodiversidade deste ano já adiantou que nenhum país conseguiu cumprir integralmente as metas e, até agora, as expectativas para a COP10 não são muito animadoras. No entanto, até lá, muitos avanços podem acontecer.

Entre os dias 10 e 21 de maio, representantes dos países signatários da convenção estiveram presentes em Nairóbi, no Quênia, para uma reunião técnico-científica preparatória, que procurou elaborar um esboço do acordo que deve ser fechado na COP10. O grande impasse a ser resolvido em outubro, no Japão, será sobre o grau de ambição do documento.

O superintendente de conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti, participou do encontro e conversou com o Planeta Sustentável sobre os principais pontos que envolvem a garantia da conservação da biodiversidade neste momento. E enfatizou: o assunto é de grande interesse para o Brasil e temos muito a contribuir.

Como você avalia a atual situação mundial em termos de biodiversidade?

O Panorama Global da Biodiversidade recém-divulgado mostra que as metas do plano estratégico da Convenção sobre Diversidade Biológica, que termina este ano, não serão alcançadas. Apenas alguns esforços específicos vão dar resultado. A intenção é que o novo plano estratégico, de 2011 a 2020, se torne mais eficaz e apresente 20 metas claras e ambiciosas, além de uma maior integração entre os temas englobados pela biodiversidade.

Entre os eixos que devem ser contemplados no novo plano, o que seria fundamental para termos um bom acordo firmado em Nagoya?

Nosso objetivo maior é evitar a perda dos ecossistemas. Alguns países defendem que se reduza em 50% a destruição dos ecossistemas, o presidente Lula, em Copenhague, se comprometeu a diminuir o desmatamento da Amazônia em 80%, mas precisamos lutar para que a perda de habitats chegue a zero nos próximos dez anos.

Outro tema importante diz respeito à economia. É preciso colocar o valor dos ecossistemas nas contas nacionais e acabar com os subsídios perversos, que permitem o andamento de empreendimentos que destroem a natureza, como é o caso de Belo Monte. A sociedade vai pagar pela geração de eletricidade, mas ninguém está contabilizando o que se perde em termos de recursos florestais e peixes, por exemplo. E nem estamos olhando para os impactos gerados por conta da fragmentação dos rios, como a alteração do regime de cheias.

Também precisaremos olhar para as mudanças climáticas que, segundo os modelos apresentados pelos cientistas, já são a segunda maior ameaça à biodiversidade. Além de discutir qual a porcentagem mínima de manutenção de áreas protegidas, que é um tema que tem tido um sucesso parcial.

Quais são as expectativas para a COP10, em Nagoya, em outubro?

Neste momento, não estou muito otimista; acho que vamos conseguir resultados tão fracos ou piores do que os que foram levados para Copenhague. A diferença é que, na COP10, vai sair um acordo. De qualquer forma, as metas devem ser fracas. Em vez de determinar que, em dez anos, devemos parar com a perda de biodiversidade, que seria o ideal, definiremos algo como: em dez anos, devem ser implementadas as políticas necessárias para parar a perda da biodiversidade.

Mas estamos em frase de evolução, então, tudo pode melhorar muito até outubro.

Até lá, esperamos que o movimento feito pela sociedade civil cresça, temos o dia da biodiversidade (22 de maio), o dia do meio ambiente (5 de junho)... A principal incógnita não é o que vai acontecer em Nagoya, e, sim, em Nova York, em setembro, na Assembléia Geral da ONU sobre Biodiversidade, um evento inédito comparado à Rio 92 em termos de importância.

Quais são os maiores entraves ao avanço do novo plano estratégico da Convenção?

Hoje, o país que mais causa problemas é a China, porque eles não abrem o jogo. A impressão que dá é que eles querem se afirmar ao mundo como superpotência e não aceitam as propostas dos outros países que ameacem a sua flexibilidade.

Mas, em geral, os países desenvolvidos – sobretudo os europeus, mas também os Estados Unidos e os asiáticos – pedem por mais proteção da natureza. Já os menos desenvolvidos, muitos deles ricos em recursos naturais, querem mais cooperação técnica, financiamento e repartição de benefícios.

Não adianta dizer aos países menos desenvolvidos para proteger a biodiversidade se não houver recursos financeiros para isso. Para preservar a Amazônia, por exemplo, não adianta botar migalha. A floresta é quase do tamanho da Europa, precisamos de recursos compatíveis. Mas quando o assunto é dinheiro, a conversa muda de figura. Nos próximos dez anos, precisávamos investir os mesmos trilhões que foram injetados na economia, em 2008, para sanar a crise dos bancos.

De que forma a biodiversidade pode se tornar um assunto relevante na agenda dos países?

Muita gente atribui valor a esses ecossistemas pelos medicamentos que podemos descobrir ali, no futuro, por exemplo. Mas é necessário ressaltar os serviços ecológicos prestados por cada ecossistema e que garantem o equilíbrio do todo. Preservar a biodiversidade está diretamente relacionado ao valor econômico e ao bem-estar de uma sociedade. Se continuarmos a degradar os ecossistemas e destruir espécies, teremos cada menos condições de promover o alívio da pobreza e de resistir a catástrofes naturais.

O tsunami que atingiu o sudeste asiático há dois anos teve conseqüências bem piores nos países que haviam destruído seus manguezais, por exemplo. Da mesma maneira que as enchentes e os deslizamentos que acontecem no Brasil também são agravados sem a cobertura vegetal. As pessoas perdem dinheiro e, muitas vezes, perdem suas vidas. E ainda temos piorado a situação com as emissões de carbono e o agravamento das mudanças climáticas. Esse tipo de valor não é contabilizado nas contas nacionais, nem para o bem, nem para o mal. Precisamos saber qual é a importância do Pantanal ou da Amazônia para a economia do país e o bem-estar das pessoas.

Se não estabelecermos metas ambiciosas, estaremos decidindo por impedir as pessoas de ter qualidade de vida e de ficarem livres das conseqüências mais dramáticas das mudanças climáticas e da pobreza.

Existem pessoas que vivem diretamente desses recursos e que vão sofrer muito com a perda da biodiversidade. No Brasil, alguns milhões de pessoas têm dependência direta dos recursos naturais do país. Se olharmos para a Índia, a Rússia, a China e alguns países da África, a quantidade de pessoas nessa situação é bem maior. Se formos além dessa dependência direta, toda a economia depende dos recursos naturais. Pode parecer óbvio, mas muitos países não se dão conta disso. Biodiversidade não é problema de ministro do Meio Ambiente ou de um instituto especializado no assunto. É problema dos chefes de Estado e de governo.

O que você espera do Brasil para incentivar esse movimento?

Espero que o Lula faça pela biodiversidade o que fez em Copenhague. Que leve para Nova York um movimento capaz de mobilizar os países a assumir uma postura mais ambiciosa e cobre dos países desenvolvidos dinheiro para bancar os menos desenvolvidos para que a perda de habitats possa ser zerada nos próximos dez anos.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Empresa galesa faz casa com 18 t de plástico reciclado



Uma empresa do País de Gales, na Grã-Bretanha, construiu uma casa com 18 toneladas de plástico reciclado.

A companhia Affresol desenvolveu uma tecnologia que transforma plástico e minerais em um material batizado de Thermo Poly Rock, que poderia revolucionar a indústria de construção.

O projeto, apoiado pelo governo galês e por organizações ambientais, já lançou uma linha de casas verdes e construções modulares portáteis de quatro toneladas.

O secretário da Economia do país de Gales, Ieuan Wyn Jones, disse que "o novo processo sustentável" tem muito potencial e pode gerar uma grande quantidade de empregos.

Patente

A empresa diz que o processo tem baixo consumo de energia e transforma plástico em um material durável e resistente.

As placas de Thermo Poly Rock formam as paredes de sustentação da casa, que pode ser coberta externamente com tijolos ou pedra, enquanto o interior pode ganhar uma camada de isolamento térmico e ficar com a mesma aparência de uma casa tradicional. As telhas também são feitas de material reciclado.

O diretor-gerente da Affresol, Ian McPherson, diz que o novo material é mais leve e resistente que concreto, é térmico, impermeável, não-inflamável e não apodrece.

A empresa estima que a vida útil das casas seja de cerca de 60 anos, mas diz que os elementos do Thermo Poly Rock podem ser novamente reciclados ao fim deste período.

"Todos os países do mundo têm problemas com lixo e agora temos a oportunidade de transformar este lixo em um recurso de construção de moradias 100% reciclável", diz McPherson.

Agora a empresa aguarda aprovação para construir 19 casas em Merthyr, no País de Gales, como parte de um projeto-piloto.

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente


O PNUMA, principal autoridade global em meio ambiente, é a agência do Sistema das Nações Unidas (ONU) responsável por promover a conservação do meio ambiente e o uso eficiente de recursos no contexto do desenvolvimento sustentável.

Estabelecido em 1972, o PNUMA tem entre seus principais objetivos manter o estado do meio ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações sobre problemas e ameaças ao meio ambiente e recomendar medidas para aumentar a qualidade de vida da população sem comprometer os recursos e serviços ambientais das futuras gerações.

Com sede em Nairóbi, no Quênia, o PNUMA dispõe de uma rede de escritórios regionais para apoiar instituições e processos de governança ambiental e, por intermédio desta rede, engaja uma ampla gama de parceiros dos setores governamental, não-governamental, acadêmico e privado em torno de acordos ambientais multilaterais e de programas e projetos de sustentabilidade.

Em 2004, o PNUMA pôs em marcha uma estratégia para reforçar suas atividades no país com a inauguração de um escritório em Brasilia. Este processo de descentralização de ações, deverá alcançar em breve outros países em desenvolvimento com o objetivo de facilitar a identificação de prioridades e o desenvolvimento de iniciativas que atendam especificidades subregionais e nacionais.

No Brasil, o PNUMA trabalha para disseminar, entre seus parceiros e à sociedade em geral, informações sobre acordos ambientais, programas, metodologias e conhecimentos em temas ambientais relevantes da agenda global e regional e, por outro lado, para promover uma mais intensa participação e contribuição de especialistas e instituições brasileiros em foros, iniciativas e ações internacionais. O PNUMA opera ainda em estreita coordenação com organismos regionais e subregionais e cooperantes bilaterais bem como com outras agências do Sistema ONU instaladas no país.

Dentre as principais áreas temáticas de atuação do PNUMA no período 2010-2011 estão as mudanças climáticas, a gestão de ecossistemas e biodiversidade, o uso eficiente de recursos e o consumo e produção sustentáveis e a governança ambiental. Nestas áreas, o PNUMA procurará contribuir para o diálogo entre os gestores públicos, atores da sociedade civil, do setor privado e acadêmico abordando temas como:

A compilação e análise integrada de informações sobre o estado do meio ambiente e os impactos de processos de desenvolvimento sobre os recursos naturais, com objetivo de produzir subsídios para tomadores de decisão e apoiar a elaboração de políticas ambientais.
A identificação e desenvolvimento de alternativas para minimizar impactos negativos ao meio ambiente causados por padrões insustentáveis de produção e consumo, enfocando, principalmente, a eficiência de recursos.
assistência ao desenvolvimento capacidades, de conhecimento científico e transferência de tecnologias para fortalecer a implementação de acordos ambientais multilaterais.
Implementação de ações integradas e de cooperação sul-sul entre países em desenvolvimento no âmbito de blocos de regionais e subregionais.
Promoção de parcerias integrando o setor privado em uma nova cultura de responsabilidade ambiental e criação de espaços para a preparação e participação da sociedade civil e setores acadêmicos para atuar solidariamente na gestão ambiental e no desenvolvimento sustentável.
O PNUMA Brasil atua em estreita colaboração com o Escritório Regional para a América Latina e Caribe, baseado no Panamá, e mobiliza recursos técnicos de suas diversas unidades especializadas localizadas em Nairobi, Paris, Genebra.,Cambridge, etc.


PNUMA - Escritório do Brasil

EQSW 103/104, bloco C, 1º andar – Setor Sudoeste
Brasília-DF
Tel: + 55 61 3038 9233
Fax: + 55 61 3038 9239
Email: pnuma.brasil@unep.org
Site: www.pnuma.org.br

sábado, 8 de maio de 2010

Construção Verde

Conselho de prédios verdes dos EUA lança novo LEED para bairros
por Fernanda Dalla Costa - Revista Sustentabilidade

O Green Building Council dos Estados Unidos (USGBC) anunciou em 2 de maio o lançamento de uma nova norma para a categoria ND (Neighborhood Development) da certificação Leed (Liderança em Energia e Design Ambiental), destinada ao planejamento de infraestrutura e urbanismo do entorno da obra.

A norma foi testada em mais de 200 projetos, incluindo a Vila Olímpica de Vancouver, que serviu de moradia aos atletas durante as Olimpíadas de Inverno de 2010. Com a nova abordagem, qualquer bairro é elegível para se candidatar à certificação.

Como requisitos considerados pelo novo padrão estão o desenvolvimento de passarelas e ciclovias, a acessibilidade aos transportes públicos e escolas, a orientação dos edifícios para permitir a utilização do calor do sol, a gestão de águas residuais e a reutilização dos edifícios históricos. A expansão dos subúrbios e o desenvolvimento de bairros mais compactos, com trabalho, diversão e compras nos arredores também estão previstos no Leed ND.

"Nós, do movimento ambientalista temos identificado os problemas [urbanos], como por exemplo, os problemas de expansão... mas não somos muito bons em encontrar soluções para esses problemas", disse Kaid Benfield, diretor de desenvolvimento do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais e co-criador do Leed-ND. "O LEED-ND fecha essa lacuna ", disse.

O anúncio da norma aconteceu na Alaire, um antigo estacionamento no subúrbio de Rockville Pike, em Maryland, que está sendo reurbanizado por meio de um projeto Leed-ND.

O empreendimento usará 30% menos água do que outros projetos de mesmo porte, contará com a gestão de águas pluviais e bacias sanitárias de duplo acionamento, além de equipamentos energeticamente eficientes.

As ruas serão conectadas por meio de passarelas e contarão com compactadores de lixo acionados por energia solar. Os apartamentos serão adjacentes à estação de trem suburbano Twinbrook.

O acesso ao transporte público, combinado com lojas e escritórios, indica que as pessoas podem viver e trabalhar em Alaire sem precisar se deslocar até o centro de Rockville Pike para realizarem suas atividades cotidianas.

Além do ND, a certificação Leed conta com outras quatro normas para construções: a Homes, destinadas para habitações, a Building, Design + Construction (BD + C ) voltado a novas construções, a Interior Design e Construction (ID + C), dirigida a interiores comerciais, a Operations e Maintenance (O + M) exclusiva para prédios já existentes e que orienta os processos de retrofit.

A norma Homes, ainda não disponível no Brasil, está começando ser adaptada as necessidades brasileiras pelo GBC-Brasil, segundo o diretor da consultoria Ecobuilding, Antônio Macêdo Filho. Segundo ele, a previsão é que a Homes brasileira esteja disponível em 2011.

Eficiência Energética

Sistema de controle de iluminação canadense pode economizar até 30% de energia
por Fernanda Dalla Costa - Revista Sustentabilidade

A canadense Cavet Technologies lançou um controlador de iluminação por meio das redes inteligentes, capaz de reduzir em 30% o consumo de energia de sistemas de iluminação pública, industrial e comercial com até 150 lâmpadas fluorescentes, a empresa disse em comunicado à imprensa.

"Nós projetamos um controlador de iluminação para adequar a quantidade de eletricidade que entra nos reatores", disse David Berg, o fundador e vice-presidente de gestão e engenharia de produtos da Cavet Technologies.

O equipamento será produzido no Canadá e vendido na América do Norte, Europa, Oriente Médio, Caribe e no Brasil, o único país na América do Sul.

Segundo Berg, o equipamento que custa US$2 mil (R$3600) é instalado na caixa de eletricidade, não influencia os níveis de percepção de luz ou conforto e suporta 6,9 kilowatts, baseado nos kilowatts-hora canadenses.

Os circuitos de controle de iluminação do LumiSmart são adaptáveis e guiados por microprocessadores e podem reduzir o consumo de eletricidade em 30% ou mais, por meio da modificação de ondas e correção do fator de potência do sistema.

Segundo a empresa, algumas distribuidoras de energia elétrica canadenses e européias implantaram o produto para fins de teste.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Reciclagem

Conselho de logística reversa prepara-se para ajudar gestão de resíduos sólidos no país

por Fernanda Dalla Costa da Revista Sustentabilidade

Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB) realizará seu segundo fórum anual meio a uma conscientização crescente da importância dos programas de logística reversa no país, o que deve ajudar a melhorar legislações e regulamentações sobre a questão por meio de diretrizes e estudos, disse Paulo Roberto Leite, presidente do conselho.

"A sociedade está percebendo o quanto é importante montar estruturas de retorno e reaproveitamento, seja de produtos que não foram usados, seja dos que já foram usados", disse Leite. "O fórum é destinado apresentar caminhos, práticas e conhecimentos do estado da arte da logística reversa no Brasil e no mundo".

O 2º Fórum Internacional e Expo de Logística Reversa acontecerá em São Paulo, em 19 de maio.

Além da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que tramita no Senado, e de políticas estaduais ainda não totalmente regulamentadas, os sistemas de reciclagem e o desenvolvimento da logística reversa no Brasil e no mundo também serão debatidos.

Um dos focos das discussões, no entanto, vai ser em materiais e produtos que ainda não têm uma cadeia de logística reversa constituída como eletroeletrônicos, bens duráveis e produtos complexos. Para Leite, materiais como papeis, metais e latas de alumínio, já têm um mercado de reciclagem consolidado não são entraves ao desenvolvimento de sistemas de logística reversa.

Estes últimos, segundo o engenheiro, carecem apenas de melhor organização.

"Os materiais que já estão retornando têm sistemas de logística reversa muito mal organizado, com uma eficiência muito baixa, baseando-se em coletas informais", disse.

Neste sentido, as discussões do fórum pretendem equacionado logística e empresarialmente o mercado brasileiro.

O engenheiro ressaltou que 2009 foi um ano difícil para o reaproveitamento de materiais e a reciclagem de forma geral, devido à crise mundial do final de 2008, principalmente por causa do reflexo no setor da queda de preços das commodities que compõem este mercado.

Porém Leite acredita que em 2010 as atividades o setor da logística reversa se fortaleça, especialmente para eletroeletrônicos, já que algumas empresas estão começando a trabalhar de forma modesta na busca de soluções para esses materiais.

O CLRB foi criado em 2009 com participação de grandes grupos empresariais tais como Hewlett Packard (HP), Correios, empresas de logísticas e coleta de resíduos. Segundo Leite, o conselho atraiu interesse de empresas de eletroeletrônicos como Philips e Dell, as redes de varejos, como Wal-Mart e Carrefour e a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Resíduos e seu destino

Em 2000, estimou-se que são gerados no país perto de 157 mil toneladas de lixo domiciliar e comercial por dia. Entretanto, 20% da população brasileira ainda não contam com serviços regulares de coleta.

Os resíduos sólidos urbanos – RSU – coletados têm a seguinte destinação:

• 47% aterros sanitários
• 23,3% aterros controlados
• 30,5% lixões
• 0,4% compostagem
• 0,1% triagem

Mas atenção: esses números se referem às porcentagens do lixo coletado. Se observarmos as porcentagens relativamente ao número de munícipios, verificaremos que a maioria dos municípios ainda tem lixões. As porcentagens indicadas pela pesquisa apontam que:

• 59% dos municípios dispõem seus resíduos sólidos em lixões
• 13% em aterros sanitários
• 17% em aterros controlados
• 0,6% em áreas alagadas
• 0,3% têm aterros especiais
• 2,8% têm programas de reciclagem
• 0,4% provêm compostagem
• 0,2% incineração

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Uma reunião de gente de peso

Denis Russo*
Planeta Sustentável - 28/04/2010
Denis Russo é conselheiro do Planeta Sustentável, colunista da Veja.com e diretor de informação da Webcitizen, empresa dedicada a unir cidadania e tecnologia.

Em agosto de 2009, nas vésperas da conferência sobre o clima de Copenhague, o governo brasileiro parecia decidido a se comportar igualzinho aos dos outros países emergentes: não iríamos nos comprometer com meta nenhuma de redução das emissões de carbono. Afinal, foram os países ricos que transformaram a atmosfera numa estufa, cabia a eles limpar a caca. Nós, emergentes, até aceitaríamos parte da responsabilidade pela solução, mas não prometeríamos nenhuma meta clara sem que os ricos o fizessem primeiro. Lula pensava assim, Dilma pensava assim, ninguém achava que fosse ser diferente.

Aí, duas coisas aconteceram. Primeiro: Marina Silva saiu candidata a presidente, espalhando pelo governo a sensação de que Dilma teria que ser “esverdeada” se não quisesse perder votos para a acreana. Segundo: um grupo de grandes empresas brasileiras divulgou uma “Carta Aberta ao Brasil”. Eram só pesos-pesados da economia – na ordem alfabética, os 27 signatários iam da Alcoa ao Walmart, passando por Natura, Odebrecht e Votorantim. Enfim, um teco respeitável do PIB brasileiro. Na carta, as empresas insistiam que o Brasil deveria sim “assumir posição de liderança nas negociações para a definição de metas claras de redução global das emissões de gases do efeito estufa”.

O governo então mudou de ideia na última hora e o Brasil se destacou em Copenhague como o único emergente a se comprometer com metas. “O governo não aguentou quando percebeu que nós, os empresários, estávamos à esquerda dele no que se refere às mudanças climáticas”, me disse um executivo de uma das “Empresas pelo Clima”, na reunião que se realizou ontem, em Campinas, para discutir como o grupo pretende continuar influenciando o debate.

Copenhague, como se sabe, foi um fracasso. Mas certamente não em todos os aspectos. Se a conferência definitivamente falhou ao não decidir praticamente nada, o tema das mudanças climáticas passou de verdade a fazer parte do dia-a-dia de um monte de gente nas empresas, nos governos e na academia. “Copenhague não fechou acordo, mas mobilizou tanta gente que a mobilização continuou”, disse ontem o engenheiro florestal Tasso Azevedo, assessor especial do Ministério de Meio Ambiente e consultor do Grupo de Trabalho Empresas pelo Clima. O mundo começou concretamente a mudar na direção de uma economia de baixo carbono, e certamente vai continuar mudando ainda que as próximas conferências sobre o clima tampouco cheguem a resultado concreto.

O evento de terça-feira, no qual algumas dezenas de empresários de terno e gravata passaram 8 horas – com pausa para almoço – discutindo como reduzir emissões de carbono, é prova disso. Todo mundo repetia a mesma ideia: “a transição da economia vai acontecer de qualquer jeito – quanto antes embarcarmos, maior a oportunidade para lucrar com isso.”

No final do dia, surgiu a discussão sobre se o grupo deve ou não defender frente ao governo que as empresas também tenham que cumprir metas obrigatórias de redução. Uau, empresários pedindo ao governo que imponham limites às empresas? Algumas pessoas foram favoráveis, muitas não opinaram, ninguém se disse contra. Tasso Azevedo, ligado ao governo, pediu a palavra para dizer que, “se este grupo for favorável ao estabelecimento de metas obrigatórias para as empresas, quase não tem como não ser”.

Aguarde. Vêm aí mais cartas abertas ao Brasil.