domingo, 29 de maio de 2011

Música que vem do lixo

As gavetas de um velho guarda-roupas de araucária se uniram ao pedaço de uma mesa de imbuia. Juntas, sob a forma de um violino, agora tocam Beethoven e Bach. Assim, os móveis descartados em um terreno baldio se transformam em música no extremo leste de São Paulo.

Desde 2009, quando começou a frequentar aulas de luteria –construção de instrumentos musicais–, David Rocha, 20, busca no lixo a madeira para montar seus próprios instrumentos.

“O tampo desse violão clássico é de abeto, uma madeira da Europa parecida com o pinho. Veio de uma caixa de bacalhau da Noruega que eu peguei no Mercadão“, explica o jovem músico, na oficina de luteria.

Com a madeira que encontra, David já construiu um alaúde, um cavaquinho, um bandolim, uma rabeca e outro violão, barroco.O interesse pela música vem desde criança, quando assistia, pela televisão, aos concertos da Sala São Paulo. Aos 16, ele aprendeu a tocar em uma igreja evangélica.Determinado a montar um violino só para ele, David encontrou nos móveis descartados um meio para isso.

“Cada madeira que eu encontrava, mostrava para o professor, para saber se servia“, conta David. Ele cursa o último ano do ensino médio e hoje é monitor da oficina de luteria durante a tarde.

Pelo trabalho, ele recebe uma bolsa de R$ 450 da Fundação Tide Setúbal, que promove o curso no Galpão de Cultura e Cidadania de São Miguel Paulista.Como não segue as rígidas especificações usadas na fabricação do violino, o que David fabrica é chamado de rabeca-violino, uma versão mais rústica do instrumento.

“Ele obteve um resultado de qualidade muito rápido para quem está começando”, elogia Fábio Vanini, professor da oficina de luteria.”A vantagem de ele usar as madeiras do lixão é que elas passaram pela prova do tempo, não vão mudar mais suas características“, diz o luthier.

Veja o vídeo a baixo:



Fonte: A Folha de São Paulo

sábado, 21 de maio de 2011

Escola ecológica em Bali prepara futuros líderes ambientais

A Escola Ecológica, construída em Bali, na Indonésia, por John Hardy e sua esposa Cynthia, é autossuficiente e ensina técnicas de construção em bambu, colheita, jardinagem, além de outros itens da educação tradicional. (Imagem:Divulgação)

A Green School ou Escola Ecológica, construída na ilha de Bali, na Indonésia, está dando a seus alunos uma educação relevante, holística e verde em um dos ambientes mais impressionantes do planeta.

John Hardy, designer de joias é co-fundador da escola sustentável que ensina as crianças a construir, fazer jardinagem e ajudam-nas a entrar em uma universidade. Em forma de espiral, o ponto central da construção é o coração da escola feito em bambu.

Após vender sua empresa de jóias em 2007, John Hardy e sua esposa, Cynthia, se envolveram em um novo projeto: a Escola Verde em Bali. Na instituição de ensino as crianças aprendem em uma sala de aula ao ar livre, rodeadas por hectares de jardins. Lá elas recebem instruções sobre como construir coisas com bambu, enquanto são preparadas para os exames tradicionais das escolas britânicas.

Hardy cresceu em uma pequena vila no Canadá. Diagnosticado disléxico, ele sempre chorava ao ir para a escola. Aos 25 anos o jovem fugiu e foi para Bali, onde conheceu sua esposa Cynthia. Por 20 anos o casal trabalhou junto em uma joalheria e depois se aposentaram.

Inspirados pelo filme “Uma verdade Inconveniente”, de Al Gore, e com quatro filhos, Hardy pensou que se parte daquela história fosse realmente verídica, seus filhos jamais teriam a oportunidade de ter a vida que ele teve. A partir daquele momento prometeu que passaria o resto da sua vida, fazendo o possível para melhorar as possibilidades de futuro dos seus filhos.

Bali tem uma cultura hindu intacta em meio a qual o casal vivia. Juntos resolveram fazer algo inusitado e então fundaram a Escola Verde. As salas de aula, feitas em bambu, não possuem parede para proporcionar um melhor aproveitamento da luz natural. A lousa também é feita do mesmo material, as cadeiras não são quadradas e o ensino é holístico.

A brisa natural também ventila as salas de aula e quando não há brisa suficiente as crianças fazem bolhas, feitas em algodão natural e borracha da seringueira, como mostrado na galeria acima. Eles basicamente transformam a sala em uma bolha e, segundo Hardy, “as crianças sabem que o controle do clima sem esforço pode não ser parte do futuro deles. Nós pagamos a conta no final do mês, mas quem realmente vai pagar as contas são os nossos netos”. Para ele, as crianças deveriam ser ensinadas de que o mundo não é indestrutível.



Para diminuir a dependência energética, a escola, faz uso da energia solar. No local também existe uma turbina-redemoínho, a segunda a ser construída no mundo, em uma cascata de 2,5 metros de um rio que quando estiver em funcionamento produzirá oito mil watts de eletricidade dia e noite.

O banheiro não tem descarga. São pequenas casas de banho composto. Hardy acredita que a metodologia de misturar nossos dejetos a água não seja eficaz, se tivermos como base a quantidade de pessoas e a quantidade de água necessária para esse sistema.

No projeto poucas coisas não deram certo como, por exemplo, a clarabóia de borracha e lona que se deterioraram em seis meses expostas ao sol. Elas tiveram que ser substituídas por plásticos recicláveis. O quadro branco usado anteriormente era feito de PVC, em seguida foram substituídas por papel e estruturadas de um para-brisa de um carro velho.

A escola localiza-se no centro sul de Bali, em nove hectares de jardins cortados por um rio. Mais do que uma escola verde, a estrutura atraiu a construção de casas verdes levantadas ao seu redor, que possibilitam que as crianças caminhem entre elas em seu caminho para a aula, percebendo a sustentabilidade presente em toda a vila. Pessoas também estão trabalhando para levar indústrias ecológicas para e região e eles esperam que restaurantes com os mesmos princípios também apareçam por lá. O projeto que começou como uma escola está se tornando uma comunidade modelo.

Todos os materiais foram selecionados, para que o petróleo não fizesse parte da estrutura. Pedras vulcânicas colocadas a mão foram usadas como pavimento. As calçadas são de cascalho e apesar de se encharcarem quando chove, são “verdes”. Todas as cercas da escola são ecológicas, feitas com raiz de tapioca.

No paisagismo, o jardim foi mantido como estava antes da construção, indo até a borda de cada sala de aula. Há criação de porcos, os últimos porcos pretos em Bali, e também uma vaca. As crianças vivem em uma cultura de arroz e sabem o que poucas pessoas sabem sobre esta prática. Elas aprendem como plantar e cuidar de um arroz orgânico, sabem quando colher e como cozinhar. Elas são parte do ciclo do arroz, o que será de extrema importância para o futuro de cada uma delas.

Diversos alimentos orgânicos são plantados na escola onde 400 pessoas comem diariamente. As mulheres balinesas locais cozinham os alimentos com queimadores de cerragem, que são segredos passados de geração para geração, e dispensam o uso do gás.

Hardy acredita que a escola seja um sítio de pioneiros locais e globais, uma espécie de micro-cosmos do mundo globalizado. As crianças que lá estudam vêm de 25 países diferentes. No terceiro ano da escola ecológica, em 2010, 160 crianças já estavam inscritas. Lá se aprende a ler, escrever e aritmética, mas também aprendem as técnicas de aproveitamento do bambu e a prática de artes balinesas tradicionais.

Na escola, eles trabalham com a localidade, que para eles significa que o projeto tem como compromisso funcionar com 20% de crianças Balinesas no mínimo. Com isso pessoas do mundo inteiro estão apoiando as bolsas de estudos para estas crianças porque elas serão os futuros líderes ecológicos da ilha indonésia.

Os professores são tão diversos quanto os estudantes e a escola também conta com a ajuda de voluntários, que juntos estão empenhados em criar uma nova geração de líderes globais voltados para o cuidado com o meio ambiente.

Os bambus que estão ao redor crescem da altura de coqueiros em apenas dois anos e em três anos podem ser colhidos para serem usados em construções. A espécie é forte e densa como madeira de teca e pode ser usado para suportar qualquer tipo de telhado.

O coração da escola, onde está instalado o complexo administrativo, tem sete quilômetros de bambu. Após três meses de seu início a construção tinha chão e telhado. Para eles, a escola ecológica é um modelo construído para o mundo, para isso, três regras básicas precisaram ser seguidas: usar material e mão-de-obra locais, deixar o meio ambiente liderar e pensar em como as gerações futuras poderiam construir estruturas como essa.

Não se sabe ao certo o impacto que esta escola ocasionará, mas com certeza crianças diferentes serão formadas.

Aos interessados em ajudar a terminar de construir as próximas 50 escolas verdes pelo mundo acessem no site.

Casa ambientalmente correta recebe o nível mais alto de certificação no Canadá


O arquiteto canadense Frits de Vries é o responsável pelo projeto da primeira residência familiar a ser certificada pelo “LEED for Homes” e a receber o selo LEED de Platina no Oeste do Canadá. Recentemente a casa foi homenageada com o Prêmio “2011 RAIC Award of Excellence” para construções sustentáveis.

O projeto é uma resposta à valorização dos clientes para a arquitetura moderna e o desejo de um plano flexível, acomodando intimidade, entretenimento e as possibilidades de uma família em crescimento. O objetivo era criar um grande espaço integrando o interior e exterior sem sacrificar o senso de intimidade doméstica para um jovem casal.

O projeto explora o potencial da diversidade da experiência espacial dentro dos limites de um lote-padrão retilíneo da cidade. A relação interior-exterior dos vários pátios exteriores e jardins são formados integralmente dentro da estrutura arquitetônica, de modo que todo o local se torna um espaço coeso.

Setorialmente, a casa é composta de duas partes que são conectadas por uma escada central. A primeira parte é constituída por dois pisos com tetos altos e um terraço panorâmico, o segundo de três pisos acima da grade, com alturas de teto moderadas, com abertura para um pátio. A escada aberta é iluminada por clarabóias, e a luminosidade do dia inunda os espaços interligados por ela.

Uma clarabóia estreita ao longo do espaço principal fornece luz suave dando uma qualidade introspectiva para o espaço, de forma ampla. A parede norte da sala é feita de grandes portas de correr, de vidro, que se abrem para o pátio traseiro e jardim garantindo que a luz seja uniforme e difusa. A residência está orientada e projetada para uso de energia solar passiva, e a forma das janelas também maximiza os ganhos solares no inverno, e controla-os no verão.

A luz define a intimidade do espaço. Isso é demonstrado no piso principal e sala de jantar. A luz Sul é filtrada através de uma janela frontal com aletas de madeira horizontais que moderam a exposição direta.

A construção de um edifício bem isolado, com alta qualidade de vidros triplos permite a esta casa manter um nível elevado de eficiência energética enquanto acomoda grandes áreas envidraçadas. A alta eficiência de aquecimento e sistema de arrefecimento, incluindo a recuperação de calor, e radiação do calor no piso, assim como o aquecimento solar da água (instalado no telhado), foram integrados ao projeto e construção.

O telhado verde estabelece uma ligação entre o interior e os jardins em todos os níveis da casa, e também reduzem o calor pela reflexão além do escoamento das águas pluviais.

Redação CicloVivo