terça-feira, 18 de outubro de 2011

A ilusão de uma economia verde


Texto essencial de Leonardo Boff

Tudo o que fizermos para proteger o planeta vivo que é a Terra contra fatores que a tiraram de seu equilíbrio e provocaram, em conseqüência, o aquecimento global é válido e deve ser apoiado. Na verdade, a expressão "aquecimento global"esconde fenômenos como: secas prolongadas que dizimam safras de grãos, grandes inundações e vendavais, falta de água, erosão dos solos, fome, degradação daqueles 15 entre os 24 serviços, elencados pela Avaliação Ecossistêmica da Terra (ONU), responsáveis pela sustentabilidade do planeta(água, energia, solos, sementes, fibras etc).

A questão central nem é salvar a Terra. Ela se salva a si mesma e, se for preciso, nos expulsando de seu seio. Mas como nos salvamos a nós mesmos e a nossa civilização? Esta é real questão que a maioria dá de ombros,especialmente os que tratam da macroeconomia.

A produção de baixo de carbono, os produtos orgânicos, energia solar e eólica, a diminuição, o mais possível, de intervenção nos ritmos da natureza, a busca da reposição dos bens utilizados, a reciclagem, tudo que vem sob o nome de economia verde são os processos mais buscados e difundidos. E é recomendável que esse modo de produzir se imponha.

Mesmo assim não devemos nos iludir e perder o sentido critico. Fala-se de economia verde para evitar a questão da sustentabilidade que se encontra em oposição ao atual modo de produção e consumo. Mas no fundo, trata-se de medidas dentro do mesmo paradigma de dominação da natureza. Não existe o verde e o não verde. Todos os produtos contem nas várias fases de sua produção, elementos tóxicos, danosos à saúde da Terra e da sociedade. Hoje pelo método da Análise do Ciclo de Vida podemos exibir e monitorar as complexas inter-relações entre as várias etapas, da extração, do transporte, da produção, do uso e do descarte de cada produto e seus impactos ambientais. Ai fica claro que o pretendido verde não é tão verde assim. O verde representa apenas uma etapa de todo um processo. A produção nunca é de todo ecoamigável.

Tomemos como exemplo o etanol, dado como energia limpa e alternativa à energia fóssil e suja do petróleo. Ele é limpo somente na boca da bomba de abastecimento. Todo o processo de sua produção é altamente poluidor: os agrotóxicos aplicados ao solo, as queimadas, o transporte com grandes caminhões que emitem gases, as emissões das fábricas, os efluentes líquidos e o bagaço. Os pesticidas eliminam bactérias e expulsam as minhocas que são fundamentais para a regeneração os solos; elas só voltam depois de cinco anos.

Para garantirmos uma produção, necessária à vida, que não estresse e degrade a natureza, precisamos mais do que a busca do verde. A crise é conceptual e não econômica. A relação para com a Terra tem que mudar. Somos parte de Gaia e por nossa atuação cuidadosa a tornamos mais consciente e com mais chance de assegurar sua vitalidade.

Para nos salvar não vejo outro caminho senão aquele apontado pela Carta da Terra:"o destino comum nos conclama a buscar um novo começo; isto requer uma mudança na mente e no coração; demanda um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal"(final).

Mudança de mente significa um novo conceito de Terra como Gaia. Ela não nos pertence, mas ao conjunto dos ecossistemas que servem à totalidade da vida, regulando sua base biofísica e os climas. Ela criou toda a comunidade de vida e não apenas nós. Nós somos sua porção consciente e responsável. O trabalho mais pesado é feito pelos nossos parceiros invisíveis, verdadeiro proletariado natural, os microorganismos, as bactérias e fungos que são bilhões em cada culherada de chão. São eles que sustentam efetivamente a vida já há 3,8 bilhões de anos. Nossa relação para com a Terra deve ser como aquela com nossas mães: de respeito e gratidão. Devemos devolver, agradecidos, o que ela nos dá e manter sua capacidade vital.

Mudança de coração significa que além da razão instrumental com a qual organizamos a produção, precisamos da razão cordial e sensível que se expressa pelo amor à Terra e pelo respeito a cada ser da criação porque é nosso companheiro na comunidade de vida e pelo sentimento de reciprocidade, de interdependência e de cuidado, pois essa é nossa missão.

Sem essa conversão não sairemos da miopia de uma economia verde.Só novas mentes e novos corações gestarão outro futuro.

Leonardo Boff (*1938) doutorou-se em teologia pela Universidade de Munique. Foi professor de teologia sistemática e ecumênica com os Franciscanos em Petrópolis e depois professor de ética, filosofia da religião e de ecologia filosófica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É autor, dentre outros, de "Cuidar da Terra-proteger a vida", Record, Rio de Janeiro 2010.

Artigo originalmente publicado no blogue pessoal de Leonardo Boff, @LeonardoBoff

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O que é ecologicamente correto ?



Fonte: ECORRETO

Para inúmeras entidades congregadoras e defensoras dos direitos dos consumidores, as preocupações com o meio ambiente, com a vida em sociedade e com a saúde das pessoas são norteadoras da edificação do conceito.

Vejamos abaixo quais são os critérios para que se considere um produto ou serviço ecologicamente correto.

Além de serem produzidos de forma socialmente justa, culturalmente aceitos e economicamente viáveis, produtos ecologicamente corretos devem ser não tóxicos, feitos de materiais recicláveis ou biodegradáveis, duráveis e com um mínimo de embalagem.

Não existem produtos completamente “verdes”, pois todos usam energias e recursos naturais em sua manufatura, distribuição, utilização ou consumo, gerando resíduos e poluição. Portanto, o termo “produto verde” é relativo, descrevendo aqueles com menor impacto, menos nocivos ao meio ambiente e à saúde humana do que a maioria dos produtos industrializados que usualmente consumimos hoje em dia.

Produtos ecologicamente corretos são aqueles produzidos por empresas SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS, o que significa dizer que a empresa trabalha para minimizar ou eliminar os impactos provenientes de seus processos produtivos, considerando os interesses de seus funcionários e da comunidade onde está inserida.

Para fazer tal avaliação, devemos questionar:

Os passivos trabalhistas são altos e freqüentes?
O pessoal trabalha em condições adequadas de saúde, higiene e segurança?
A empresa realiza atividades ou ações ligadas ao bem estar da comunidade que a cerca?
As atividades da empresa, tanto em nível local como global são social e culturalmente aceitos pelo ambiente humano em que está inserida?
A ética das ações e a aceitação dos processos produtivos da empresa se adéquam completamente ao corpo de leis da comunidade na qual atua?
A empresa respeita a ética dos acordos trabalhistas, considerando-os em sua totalidade?
A empresa respeita os Direitos Humanos?
A empresa respeita todos os Tratados de Paz Internacionais?
A empresa respeita os Tratados Internacionais pelo Desarmamento?

Não é possível afirmar que uma empresa é socialmente responsável, se ela se utiliza de trabalho infantil, se colabora com o contrabando, se discrimina racialmente, religiosamente ou etariamente seus possíveis colaboradores ou se mantém relações com outras empresas que o façam.

Além desses critérios, em âmbito internacional, associações de consumidores organizados em torno dos pressupostos da sustentabilidade, consideram que um produto ecologicamente correto:

NÃO DEVE utilizar alimentos geneticamente modificados.
NÃO DEVE utilizar animais para testar seus produtos.
NÃO DEVE ter qualquer relação com a produção da indústria de tabaco, com a indústria bélica ou de armamentos nucleares.
NÃO DEVE, em função de seu óbvio poder econômico, sob qualquer argumento, exercer lobby político para favorecer seus interesses.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Professor de Curitiba planeja casa sustentável e inteligente


A cidade de Curitiba está prestes a ter uma casa sustentável totalmente planejada. A casa do professor Eloy Casagrande serve como uma espécie de laboratório onde são testadas diversas alternativas sustentáveis para a construção civil.

Para a construção da casa somente as fundações foram feitas em concreto, as paredes externas parecem madeira, mas é PVC, um sistema construtivo que utiliza “woodframe”, ou seja, painéis de madeira em revestimentos internos e externos. As janelas foram feitas em laboratório, pelo uso de um eucalipto mais resistente, modificado geneticamente.

A escada que leva para o segundo andar da casa é feita de madeira reaproveitada, resíduos de uma fábrica de escadas. Sobras, do tamanho de tocos, compõem a escadaria, que se apresenta como um mosaico, formando uma estrutura que parece obra de arte.

Fonte: CicloVivo

As paredes internas duplas são feitas em madeira de reflorestamento e possuem certificado ambiental. Sua forração é toda em fibras de PET e placas de borracha provenientes de pneu reciclado.

Casagrande explica que foram usadas 30 garrafas recicladas para cada metro quadrado. No total foram retiradas do meio ambiente sete mil garrafas. Segundo o professor, a forração em PET dá uma sensação agradável para quem está dentro de casa, tanto em dias quentes quanto em dias frios.

Para fabricar uma manta de revestimento de um metro quadrado e cinco milímetros de espessura, foram utilizados três pneus o que significa que ao todo no projeto, foi evitado o descarte de 540 pneus no meio ambiente.

Um dos destaques da casa é o terraço localizado no segundo andar que é todo forrado em grama. “É um isolamento térmico-acústico. Além de beneficiar a estética da cidade – se todos os prédios tivessem um telhado verde, seria uma maravilha – absorve água e carbono, e eu reduzo a temperatura interna de 3°C a 5°C”, declarou Casagrande, em entrevista ao G1.

Ele explica que o telhado verde tem um sistema de impermeabilização especial, com técnicas avançadas. A borracha de impermeabilização é feita de restos aproveitados de solas de sapato proveniente de uma fábrica.

A casa eficiente também tem sistema de coleta de água da chuva para aproveitamento na rega e vasos sanitários. A energia também será produzida de maneira limpa e sustentável. O sol e o vento trabalharão juntos para fornecer a eletricidade necessária para o consumo, com placas solares e turbinas de energia eólica que serão instaladas no telhado. Dentro da casa, os relógios mostram a quantidade de energia gerada, consumida e excedente. Toda a energia, inclusive a extra, vai depender das condições climáticas. Em caso de sobra, o proprietário pode gerar energia para a companhia elétrica em um sistema inteligente de geração e consumo.

Para finalizar, nada melhor do que ter um veículo elétrico para chegar em casa que pode ser abastecido sob estas condições (limpas). O projeto da casa, que funciona como um laboratório, somou-se à Universidade Tecnológica Federal do Paraná no projeto do automóvel, que ainda é protótipo. A energia gerada na casa também pode alimentar o carro de maneira sustentável e gratuita.

Segundo o professor a construção desta casa sairia 20% mais cara que uma casa comum, mas ao longo dos anos a residência ficaria mais barata por causa da manutenção. Com informações do G1.

Redação CicloVivo

Estado de Kentucky é o primeiro a receber o selo LEED em um projeto de reuso

Baseado na ideia de que a arquitetura sensível emerge entre as relações espaciais e programáticas, o (fer) studio desenvolveu o projeto para insinuar uma experiência de um lugar dentro do ambiente ao redor.

O objetivo era estabelecer uma condição habilitada às características sustentáveis ​​do projeto para criar uma co-dependência natural entre design e sustentabilidade. O Green Building, como é denominado, é o primeiro projeto LEED Platinum na cidade de Louisville e o primeiro certificado LEED adaptado a um projeto de reuso no estado de Kentucky.

O projeto de 945 m2 de uso misto hospeda uma galeria, espaço para eventos, escritórios, espaços de escritório e restaurante para alugar e sala de conferências.

Concluído no segundo semestre de 2008 e localizado no distrito East Market em Louisville, uma área federal classificada em dificuldade no momento da compra e construção, o Green Building tornou-se o catalisador para a revigoração do bairro, hoje conhecido como NuLu, ou New Louisville.

Os destaques do Green Building incluem:

Análise de eficiência do edifício: para compreender a história do edifício e o contexto do bairro, o (fer) studio inventariou os componentes do edifício existente para determinar seus pontos fracos.

Uso eficiente da água: a água da chuva é absorvida pelo telhado verde, coletada em três grandes cisternas, ou direcionada para um jardim de chuva, onde as toxinas são removidas pelo material vegetal antes de entrar novamente no sistema de água do solo.

Eficiência energética: o Green Building economiza milhares de dólares em CO2 por mês, mais do que suficiente para compensar a pegada de carbono dos veículos de todos os funcionários. Graças aos 81 painéis solares, um sistema de armazenamento de quatro mil litros e doze poços geotérmicos a 68,58 m abaixo do edifício. A eficiência total de energia é de até 68% e supera os códigos de Kentucky de energia em até 65%.

Reuso de materiais: além de manter parte da estrutura, a equipe reutilizou muito do material do edifício original. A madeira estrutural do edifício, por exemplo, foi reutilizada como piso de acabamento e mobiliário. Tijolos da construção original foram cuidadosamente desmontados e reutilizados em outras áreas.

Materiais reciclados: O projeto inclui uma elevada porcentagem de materiais reciclados, incluindo 100% do piso, 70% das janelas e 80% do isolamento, feito a partir de jeans reciclados. A equipe desviou 421.269 m3 de material de demolição do aterro doando para empresas de construção, uma fazenda próxima, entre outros destinos.

Materiais Recicláveis


A reciclagem do metal evita a retirada de minérios do solo, além de reduzir em muito o volume de água e energia necessários para a produção de novos produtos.

Isso vale para todos os tipos de metal, contudo há maior interesse reciclador na indústria produtora de embalagens de alumínio, o que determina aumento no valor de venda deste material. Por esse motivo, o Brasil é hoje um dos campeões mundiais no que se refere à reciclagem de alumínio, recolhido na sua maior parte por catadores autônomos.

É importante lembrar que todos os itens devem estar limpos para garantir a qualidade do produto. Quanto maior a qualidade, maior o valor comercial.

Metais que podem ser reciclados: Lata de bebidas e alimentos; Tampas de recipientes de vidro; Lata de biscoito; Bandeja e panela; Ferragem; Grampo; Fios elétricos; Chapas; Embalagem marmitex; Alumínio; Cobre; Aço; Lata de produtos de limpeza.
Metais que NÃO podem ser reciclados: Lata de aerosóis; Lata de tinta; Pilhas; Lata de inseticida; Lata de pesticida.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Tons da Natureza

Conjunto de Indicadores de Sustentabilidade de Empreendimentos


O CBCS gostaria de ouvir a opinião dos agentes do setor.

As atividades desenvolvidas pelo Comitê de Avaliação de Sustentabilidade do CBCS visam à proposição de um conjunto de indicadores de sustentabilidade socioambiental mensuráveis para os empreendimentos do setor da construção civil.
Os indicadores de desempenho de empreendimentos seriam informados em uma base de dados pública por agentes do setor da construção. As informações de diversos empreendimentos inseridas na base de dados permitirão criar uma massa crítica que situe o desempenho socioambiental de cada empreendimento em relação aos níveis médio e de excelência praticados pelo mercado, servindo como instrumento de apoio à tomada de decisão.

Adicionalmente, fornecerão um diagnóstico da sustentabilidade da cadeia produtiva como um todo e indicarão as evoluções das práticas de mercado ao longo do tempo. Uma das premissas é a de que tal mecanismo estimulará ações de melhorias no desempenho dos empreendimentos brasileiros.

A proposta do Conjunto de Indicadores de Sustentabilidade de Empreendimentos pode ser acessada aqui.

Entre no site para consultar e enviar comentários.
Aguardamos a contribuição de todos,
Equipe CBCS

Brasil unido em defesa das florestas


Você pode dar uma contribuição fundamental para a proteção das florestas do Brasil: PARTICIPE DA CAMPANHA "FLORESTA FAZ A DIFERENÇA".

A campanha é uma proposta do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, criado por instituições não governamentais e diversos segmentos sociais. A meta é recolher 1 milhão de assinaturas a favor da proteção das florestas e de mudanças no substitutivo do Código Florestal. É uma maneira de convocar a sociedade brasileira a se unir a esse desafio, contribuindo para a promoção do debate e a apresentação de propostas, de modo que o Senado tenha a seu alcance elementos para aprovar uma lei à altura do Brasil.

ABAIXO ASSINADO