terça-feira, 30 de setembro de 2008

Não basta entusiasmo, é necessário ter conhecimento

Por JAIME LERNER

Jaime Lerner, arquiteto e urbanista, é consultor da ONU para assuntos relacionados a urbanismo e conselheiro do Planeta Sustentável

"O termo sustentabilidade se tornou objeto de desejo de muitos. Porém, nem todos aplicam o seu conceito na íntegra ou de forma correta. Em muitas das reuniões de que participei mundo afora encontrei os mais diversos absurdos, como nos Estados Unidos, onde prefeitos declaram ser a favor do Protocolo de Kyoto, mas, por outro lado, não têm nenhum projeto em ação.

Diante de cenários como esse, me pergunto de que adianta apoiar o protocolo se não há empenho para resolver os problemas essenciais à sustentabilidade. Receio também que as pessoas não sejam capazes de diferenciar o que é fundamental para promovê-la em todos os aspectos.

Concordo que a reciclagem e o desenvolvimento de novas fontes são de extrema importância. Até os greenbuildings - moda nos Estados Unidos e que vêm ganhando adeptos no Brasil - são uma alternativa aos efeitos do aquecimento global. Mas até onde iremos com isso?

Lembro-me de quando era prefeito de Curitiba, na mesma época em que aconteceu a Eco-92 e todos os professores da cidade demonstravam entusiasmo com as possíveis soluções para os problemas ambientais. Mas sempre ressaltei que não basta ser entusiasta, é necessário ter conhecimento. E hoje vivemos um mundo entusiasta da sustentabilidade, porém não há muito conhecimento.
Acredito que três ações são importantes para se tornar mais sustentável, sendo a primeiro a redução do uso do automóvel. É claro que esse item é possível apenas se obrigarmos os dirigentes públicos a proverem suas cidades de um bom e eficiente sistema de transporte.

Além da melhoria dos transportes públicos, morar perto do local de trabalho é indispensável. Hoje, as cidades estão dispersas e isso gera um grande desperdício de energia, até mesmo a do ser humano. Outra atividade, e até mais simples, é a separação do lixo. Em minha opinião, a sustentabilidade reside entre o que você poupa e o que desperdiça. É uma equação simples.

Para termos um mundo melhor para as futuras gerações não devemos esquecer do principal, as crianças. Nosso papel é ensiná-las a desenvolver o senso de responsabilidade em relação à sustentabilidade. Essa marca tem de vir dos pequenos, caso contrário eles serão manipulados de acordo com outros interesses."

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Chamado das árvores

Por CARLOS SOLANO

"Há alguns anos atrás, em 2000, fiz algumas fotos para divulgar o lançamento do meu livro sobre Feng Shui - arquitetura ambiental chinesa, no parque da cidade. Uma delas me surpreendeu: o que era um pequeno agrupamento de árvores parecia, ao fundo, uma grande floresta. Eu, na frente dela. De repente, olhando a foto, me vi como um porta-voz das árvores, como se eu devesse falar em nome delas. Foi uma sensação de dever ou uma espécie de “insight”, não sei explicar... Mas fazer e dizer o quê, como? Não conseguia nem imaginar...
Este fato permaneceu adormecido até o ano de 2006, quando ouvi dizer que a ONU (Organização das Nações Unidas) sugeria o plantio de um bilhão de árvores para frear o acelerado e dramático aquecimento global. Na hora voltou a sensação antiga, me lembrei do chamado das árvores. E pensei: hoje, o meu trabalho como colunista da revista Bons Fluidos atinge milhares de leitores, e os meus cursos Casa Natural e Seminário Anual de Feng Shui reúnem pessoas de diferentes estados do país. Comecei a falar sobre esta idéia para leitores e alunos, a princípio, timidamente. Muitos se interessavam e queriam ajudar.
Por isso, tomei coragem e convidei alguns voluntários para a produção de uma campanha que mostrasse ao grande público como as árvores são importantes para a saúde planetária, propondo o plantio (e o cuidado) de um milhão de mudas. Faríamos um "site", pelo qual ofereceríamos muitas informações e inspirações, além de um contador. Cada pessoa que plantasse indicaria ali o número de árvores. Em princípio, a divulgação da campanha seria feita através da minha coluna na revista. Propus a idéia para a Beth, minha editora chefe, que aceitou na hora. E foi assim que, em pleno outono de 2007, me vi rodeado de pessoas generosas como o Allysson, o Celso, a Chara, o Gerson, a Marilda, a Mirian... E o site ficando pronto. Nesta reunião, fui tomado de uma alegria interna incomparável. A campanha “Vamos plantar um milhão de árvores para salvar o mundo” estava em pleno trabalho de parto. As árvores agradeciam... A profecia se cumpria, a sorte estava lançada. Que esta idéia possa se ramificar, gerar flores e frutos para o bem do planeta, das árvores, das futuras gerações e de todos os seres..."

Arquiteto Carlos Solano
Idealizador do Projeto
Minas Gerais, Brasil – outono de 2007
arquitetocarlosolano@gmail.com

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Descarte de Pilhas e Baterias

Pilhas e baterias são produtos que merecem cuidados especiais na hora de serem descartados, isto é, jogados ao lixo. Isto porque trazem substâncias tóxicas – metais – em sua composição.

Nas cidades onde há aterros sanitários, com sistemas de impermeabilização do solo, os metais tóxicos não causam danos ao meio ambiente.

Mas em muitas cidades brasileiras, o lixo ainda é depositado em lixões, que não têm qualquer sistema de impermeabilização. Assim, as substâncias tóxicas vão para o solo e contaminam os lençóis d’água subterrâneos.

A legislação brasileira proíbe o lançamento de pilhas e baterias "in natura" a céu aberto, tanto em áreas urbanas como rurais; queima a céu aberto ou em recipientes, instalações ou equipamentos não adequados, conforme legislação vigente; lançamento em corpos d'água, praias, manguezais, terrenos baldios, poços ou cacimbas, cavidades subterrâneas, em redes de drenagem de águas pluviais, esgotos, eletricidade ou telefone, mesmo que abandonadas, ou em áreas sujeitas à inundação.

Mas no Brasil ainda não há um sistema de recolhimento de pilhas e baterias, embora em alguns casos é esperado – por lei - que os fabricantes recebam o material descartado e encaminhado pelo consumidor.

Como proceder? De muitas formas!

Para começar, o consumidor consciente pode colaborar com a minimização dos impactos ambientais conhecendo um pouco mais a natureza dessa classe de produtos. A partir daí, fica mais fácil buscar a destinação final adequada para pilhas e baterias, dentro daquilo que é possível fazer no momento.
Agrupamos em três grupos os tipos de pilhas e baterias disponíveis no mercado:

Grupo 1
Zinco-manganês, alcalinas-manganês, lithium, lithium ion, zinco-ar, niquel metal, hidreto, pilhas e baterias botão ou miniatura.
Estas são as comuns, não-recarregáveis e as mais encontradas no mercado.
Podem ser descartadas no lixo doméstico, porque carregam substâncias tóxicas em níveis baixos e permitidos pela legislação, ou seja, que não agridem demasiadamente o meio ambiente.
São identificáveis através de uma ou algumas das imagens abaixo:




Grupo 2
Chumbo ácido, de níquel cádmio e de óxido de mercúrio.
Baterias de chumbo ácido (usadas em automóveis), de níquel cádmio (as do tipo recarregáveis, como as usadas em telefones celulares e de óxido de mercúrio (pilhas comuns, mas que já não podem ser legalmente fabricadas no Brasil).
Devem ser recolhidas pelo comércio e encaminhadas aos fabricantes ou importadores para destinação adequada.
São identificáveis através de uma ou algumas das imagens abaixo:



Mas... atenção! As pilhas de óxido de mercúrio são as de marcas piratas, que desobedecem à legislação, não pagam impostos e ainda contaminam o ambiente. Como são ilegais, não trazem no rótulo nenhuma das imagens acima. Evite comprá-las.


Grupo 3
Celular
As baterias de telefones celulares não devem ir para o lixo comum. A maior parte delas contém em sua composição cádmio, chumbo ou mercúrio - metais pesados danosos ao meio ambiente e à saúde.
Em 1999, de acordo com a resolução nº 257 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, os fabricantes, importadores, redes autorizadas de assistência técnica e os comerciantes de baterias são obrigados a coletar, transportar e armazenar o material. Os fabricantes e os importadores são os responsáveis pela reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada do produto.

O consumidor pode encaminhar as baterias para as assistências técnicas de operadoras de celular ou lojas que vendem celular ou diretamente nos fabricantes.

Nos postos de venda e de assistência técnica de qualquer operadora de celular, segundo a resolução do governo, é obrigatória a coleta de baterias das marcas vendidas ou de baterias com características similares às vendidas. Depois de depositado nas urnas, o material deve ser enviado ou retirado pelo fabricante correspondente.

As baterias também podem ser levadas diretamente aos fabricantes. As assistências técnicas e operadoras de todas as fabricantes de celular têm pontos de coleta de baterias usadas.

A legislação determina que os fabricantes ou importadores são os responsáveis pelo destino das baterias: a reutilização, a reciclagem ou o tratamento e disposição final ambientalmente adequada.

Assim, depois de coletadas nas lojas e assistências técnicas, as baterias são estocadas pelos fabricantes e destinadas para empresas de reciclagem. A Motorola, por exemplo, envia suas baterias para a empresa de reciclagem francesa SNAM (Societé Nouvelle DáAffinage Dex Métaux) e a Sony Ericsson encaminha as baterias usadas para a empresa brasileira Suzakin.

Leia mais:
Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica - Abinee

Fonte: Instituto Akatu