sexta-feira, 23 de abril de 2010

Carta da Terra no mundo



A brasileira radicada na Costa Rica, Mirian Vilela, trabalha desde a década de 1990 com a Carta da Terra, uma declaração de princípios éticos e sustentáveis reconhecida pela ONU, por governos, empresas e ONGs nos cinco continentes, e há três anos está à frente do movimento internacional que divulga o documento. Aqui, conta como a Carta está ajudando a melhorar a vida no planeta

Natália Mello – Edição: Mônica Nunes
Planeta Sustentável - 21/04/2010

Quando o mundo despertou para a sustentabilidade, durante a Rio-92, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, Mirian Vilela já era expert no assunto. Mestre em Administração Pública pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, ela foi membro da secretaria que, durante dois anos, organizou a histórica conferência realizada no Rio de Janeiro, a primeira de grande magnitude depois da Guerra Fria.

Foi naquela época que surgiu a ideia de escrever uma declaração internacional que funcionasse como uma Constituição do Planeta, com diretrizes para um mundo sustentável que englobassem temas como ecologia, justiça social e econômica, paz e respeito à diversidade. “Mas não houve acordo político para isso naquele momento e a iniciativa foi retomada no ano seguinte, fora da ONU”, conta Mirian, que participou de todo o processo trabalhando na ONG Conselho da Terra, do canadense Maurice Strong, o secretário geral da Rio-92. Até o lançamento da declaração – a Carta da Terra –, no ano 2000, foram anos de consultas e debates envolvendo gente do mundo todo.

Somente em 2006, alguns profissionais ligados à redação do documento fundaram o movimento Carta da Terra Internacional, com sede na Universidade da Paz, mantida pela ONU, na Costa Rica. Mirian Vilela, desde 2007, é a diretora-executiva da organização responsável por disseminar a declaração pelo mundo. Hoje, mais de 90 países nos cinco continentes possuem atividades baseadas na Carta.

Com a autoridade de quem participou ativamente do nascimento e da divulgação do documento, Mirian Vilela comenta a importância da Carta e os projetos que a declaração inspirou, além dos planos para este ano de celebrações.

Como está a consciência das pessoas em relação à sustentabilidade?
Ainda não é satisfatória, pois as pessoas têm consciência do conceito pela metade. Quando se fala em sustentabilidade, geralmente, o enfoque é a proteção ambiental, mas a sustentabilidade é muito mais que ecologia: ela é um balanço entre a dimensão social e a ambiental, incluindo os desafios sociais e econômicos. Nós somos educados e orientados para trabalhar de forma segmentada, mas é necessário que haja uma visão sistêmica. Se as pessoas entendessem essa integralidade, não existiria tanto desentendimento, por exemplo, entre os ministérios do Meio Ambiente, da Economia e da Agricultura dos países. Todos trabalhariam de forma integrada e sustentável pelo bem comum.

Como foi lidar com as diferenças culturais durante a redação da Carta da Terra?
Foi um processo enriquecedor e de muito diálogo. A declaração tem legitimidade justamente porque é um consenso global e foi elaborada por pessoas de diferentes raças, crenças e nacionalidades. O uso de algumas palavras foi exaustivamente discutido, por conta de seu significado para cada cultura. Os americanos, por exemplo, hesitaram em aceitar a palavra “amor” na declaração, por acharem que ela é sentimental demais. E nós brasileiros fomos cruciais para a decisão desse impasse. Explicamos que é necessário trabalhar nosso lado emocional para fazer com que tudo funcione. A redação da Carta foi uma grande troca de experiências e aprendizados.

Qual a estratégia da Carta da Terra Internacional para divulgar o documento pelo mundo?
Traduzimos a declaração para 50 idiomas e estamos trabalhando na criação de páginas na internet, no maior número possível de idiomas. Também divulgamos documentos de apoio como o Guia para Usar a Carta da Terra na Educação, voltado para educadores. Participamos de fóruns e eventos pelo mundo todo. Hoje, temos uma rede de 4.800 associados que apoiam a declaração, incluindo empresas, governos e ONGs. Mas é impossível precisar quantas entidades usam a Carta da Terra e quais projetos são desenvolvidos porque o movimento é descentralizado. Nós divulgamos a Carta, orientamos, mas não controlamos. Cada um a utiliza da melhor forma que pode.

A educação ocupa papel de protagonista nas ações da Carta da Terra?
Sem dúvida! A educação é a chave para as mudanças futuras, mas, o conceito de educação deve ser ampliado. Não é apenas nas escolas e universidades que se aprende o que é sustentabilidade. A educação informal é importantíssima. As formas de arte e a própria mídia também educam para a sustentabilidade, de uma forma mais branda, porém muito eficiente.

Quais são as iniciativas mais marcantes na área da Educação?
A Universidade Metodista de São Paulo, no ABC Paulista, está reformulando seu projeto pedagógico para inserir o ensino da sustentabilidade em todos os seus cursos. E a Carta da Terra é o documento que norteia esse processo. A UMAPAZ - Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz, em São Paulo, baseia todas as suas atividades na Carta e oferece dezenas de cursos para educadores e para o público em geral. O Instituto Paulo Freire é outro bom exemplo, ele desenvolve projetos pedagógicos para escolas, com base também na declaração (Leia a resenha do livro A Carta da Terra para a Educação, que será lançado em maio, e também a entrevista com o autor do livro e presidente do Instituto, Moacir Gadotti)

O número de projetos voltados para a educação infantil parece maior do que nas universidades. Isso é real?
As crianças, realmente, aprendem com entusiasmo, mas o motivo principal é que as escolas estão mais abertas para trabalhar com a Carta da Terra do que as universidades. No ensino superior existem muitos egos, então, o diálogo é mais difícil. E nas escolas, as aulas tendem a ser mais interdisciplinares, o que facilita o ensino da sustentabilidade nas diferentes matérias.

Como você avalia o apoio à Carta da Terra pelo meio empresarial e o que está sendo feito para incentivá-lo?
A adesão do setor privado é chave e está aumentando consideravelmente nos últimos anos.
Se precisamos colocar a sustentabilidade em todos os lugares, é fundamental que os processos produtivos sejam reorientados. A atuação das empresas transita por sua relação com a natureza, com a comunidade local, com seu público interno e, até, com outros países. A sustentabilidade precisa permear todas essas áreas. Estamos trabalhando em conjunto com a GRI - Global Reporting Initiative, que já tem suas normas adotadas por inúmeras empresas. A ideia é integrar os conceitos da Carta da Terra com os conceitos da GRI.

Quais iniciativas você destaca no setor privado?
O Hilton Hotel, em Washington, nos Estados Unidos, e o Hotel Parque del Lago, na Costa Rica. Ambos realizaram treinamentos sobre sustentabilidade com seus funcionários, inspirados na Carta da Terra, para que a ética seja praticada em todas as atividades dos empreendimentos. O Parque del Lado está, inclusive, usando os princípios da Carta para basear seu planejamento estratégico.

O Brasil é um dos países mais engajados na divulgação e implantação da Carta da Terra?
Sim, a atuação brasileira é muito relevante para o movimento. O Brasil é um país muito ativo e o compromisso da sociedade civil é grande em relação a outros países. Existem iniciativas muito criativas e animadoras, como o trabalho da ONG Harmonia da Terra, que criou um jogo de tabuleiro com os conceitos da Carta. Esta é uma excelente forma de divulgá-la. O Ministério do Meio Ambiente também é um grande apoiador. O órgão tem promovido a Carta em conjunto com as Agendas 21 locais. Também existem prefeituras, como a de São Paulo e a de Goiânia, que usam o documento como norte para muitas de suas atividades.

É possível dizer que a “parceria” entre Carta da Terra e Agenda 21 facilita a disseminação e a compreensão dos princípios da Carta?
É uma ótima ideia integrar a Carta da Terra com as Agendas 21. São conteúdos complementares, que se fortalecem e se ajudam. A Agenda 21 é um guia para ações e a Carta da Terra, o fundamento. É como se um fosse o corpo e o outro a alma. A iniciativa do Ministério do Meio Ambiente brasileiro deve, sim, servir de exemplo para outros países. Na Argentina, existe um programa parecido, também liderado pelo seu Ministério do Meio Ambiente, que trabalha com Agendas 21 nas escolas, em conjunto com a Carta.

Você pode citar outros exemplos relevantes, em outros países?
Em 2005, o Senado australiano reconheceu a relevância da Carta da Terra como princípio ético e declarou apoio à sua aplicação nas políticas de educação para o desenvolvimento sustentável. O México é outro país que se destaca em suas práticas. Lá, o Ministério do Meio Ambiente coordena a aplicação do documento em diversas áreas.

O México será sede da COP16, em dezembro. Isso aprofundou a adesão do país em relação à Carta da Terra?
O México tem um envolvimento fortíssimo com a Carta da Terra, que precede a escolha do país como sede da COP16.
Em 1999, algumas ONGs do país começaram a aderir à iniciativa e, em 2002, o documento ganhou o apoio do governo federal. O Ministério do Meio Ambiente mexicano promove atividades e parcerias, principalmente na área da educação. Para se ter ideia de seu comprometimento, quase todos os governos estaduais e quase todas as universidades do país adotam a Carta da Terra. No dia 22/4, Dia da Terra, haverá uma grande celebração no país pelos dez anos da Carta, com a presença do presidente Felipe Calderón.

Como a Carta da Terra pode ajudar na busca de soluções para o aquecimento global?
A questão das mudanças climáticas é um problema de falta de ética. O dilema central para os países, hoje, é: “devo focar no interesse econômico nacional ou no bem de todos os habitantes do planeta?”. Prevalecem os interesses econômicos e essa questão ética não está na mesa de discussões. É muito difícil – eu diria praticamente impossível -, haver acordo sem uma base ética comum. Na COP16, vamos lutar para que a Carta da Terra seja aceita como essa base ética.

As mudanças climáticas e o aquecimento global levaram as questões ambientais para a vida diária de todo o mundo. Como está a parceria entre a Carta da Terra e as grandes organizações ambientalistas?
O apoio dessas organizações é fundamental e elas já representam uma parcela grande de nossos associados e colaboradores. A adesão à Carta da Terra ocorre de forma diferente em cada nação e existem muitos países nos quais as organizações ambientalistas são as líderes do processo. Na Alemanha, por exemplo, a Friends of the Earth é um dos principais parceiros da Carta da Terra e, na Itália, é a ONG Pronatura. A WWF reconhece e apoia a Carta, assim como o Greenpeace. No Brasil, o processo de consulta da Carta da Terra, entre 1997 e 1998, foi liderado pelo Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o meio Ambiente e Desenvolvimento, com a participação de um número grande de organizações ambientalistas.

Após dez anos de difusão da Carta da Terra, quais foram os principais resultados alcançados?
O reconhecimento da UNESCO, em 2003, foi a maior vitória. Naquele ano, a Conferência Geral da UNESCO, que reúne todos os ministérios de educação dos países membros da ONU, adotou a Carta da Terra como documento base para a Educação para a Sustentabilidade. O apoio da IUCN - World Conservation Union, a maior organização ambientalista do mundo, é outro fato relevante.

Para finalizar a entrevista, diga como as pessoas podem participar da iniciativa.
Cada um pode usar a Carta da Terra como bússola para as suas atitudes pessoais, agindo com respeito e amor ao meio ambiente e aos seus semelhantes. Se queremos que o documento norteie as decisões de governos, empresas e ONGs, nada mais coerente que começarmos por nós mesmos. Como dizia Gandhi, “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.

Dia da Terra

Dia da Terra – Mensagem Especial de Gaia
Uma mensagem de Mother Earth/Gaia canalizada por Pepper Lewis
Quarta, 22 de abril de 2009

Querida Família de Gaia

Reserve um momento e note que há beleza ao redor e dentro de você. Isso é causa suficiente para celebração. Todos os reinos da terra, inclusive a humanidade, estão sofrendo grandes mudanças nestes tempos. Isso também é causa para celebração.
O pensamento geral, tanto consciente e inconsciente, viajando através da “mente do homem” neste momento é que há poucos motivos para celebração. Talvez vocês possam vir a esquecer esse argumento em um dia que carregue meu nome, mas isso não é verdade.

A terra celebra todo dia em cada maneira e demonstra isso para vocês, para que encontrem as causas para fazer o mesmo. Não permitam-se imaginar que uma terra em mudança é equivalente a um chamado de angústia. Mudança é o processo continuado de transformação e sua aceleração é também causa para celebração, mesmo que isto tome uma forma que não é familiar a vocês.

Uma pausa entre a inspiração e a expiração moverá seus pensamentos para dentro. Conforme fazem isso, percebam os quão longe vocês chegaram e como vocês cresceram, talvez em um tempo muito pequeno. Percebam que todas suas experiências, tanto as positivas como as negativas, encorajarão vocês a se conhecerem e a ter uma experiência de vida mais completa. O mesmo também é verdade para a terra, e como Gaia eu estou mais ciente agora do que jamais estive.

Não lutem contra a mudança. Sejam advogados da evolução consciente em todas as coisas, inclusive seus pensamentos. Momentos não familiares trazem novos amigos e levam a família adiante, outra causa para celebração. Não mexam as águas para trazer de volta o que vai indo ou se foi quando você está longe suficientemente de reconhecer o novo que é já nos horizontes para eles e para vocês próprios.

Celebrem este dia na Terra como eu celebro, como um dia entregue a si e a ser vivido em plenitude, completa e totalmente em cada maneira. E saibam que qualquer dia que vocês nomeiem e dediquem a vocês será um dia em que Gaia também estará celebrando.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Gaia Mãe Terra


Mãe Terra é senciência ou alma de nosso planeta. Senciência é aquilo que está consciente de si e de seu propósito. Senciência é mais uma resposta emocional que um processo intelectual. A senciência de Gaia (ou Mãe Terra) anima o planeta, dá a ele um propósito e faz a Vida na Terra possível. Nosso passado está profundamente enraizado na Terra e nosso futuro depende de nossa habilidade de recriar um relacionamento com nosso planeta senciente. Esperamos que você aceite o convite da Mãe Terra para abrir seu coração e mudar o mundo honrando todos os momentos com respeito, companheirismo e paz.

Para mais Informações visite: http://www.thepeacefulplanet.com/

domingo, 18 de abril de 2010

A viagem do lixo

Onde vai parar o lixo que sai da sua casa? Já parou pra pensar nisso?

Esta é com certeza uma das principais razões que nos motiva a praticar a coleta seletiva, que é, antes de qualquer coisa, uma luta contra a destinação de materiais para aterros sanitários e lixões.

O lixo gerado diariamente pela sociedade é encaminhado, via de regra, para aterros e lixões. Até pouco tempo discutia-se a questão dos lixões a céu aberto e todo o problema de contaminação e emissão de gases.

Algumas cidades já não destinam seus resíduos para lixões e sim para aterros controlados, que são áreas um pouco menos bizarras para se encaminhar o lixo. Isso porque existe uma preocupação técnica com a área, garantindo a preparação do solo e em alguns casos a captação do biogás, gerado em decorrência do processo de decomposição do material orgânico, um dos grandes vilões do aquecimento global.

Mas isso não pode ser encarado como uma situação ideal. Aterrar lixo é desperdiçar todo o potencial econômico e social de diversos tipos de material. É soterrar recursos que darão origem a necessidade de novas extrações de matéria-prima de origem não renovável.

Além disso, o aterramento de lixo gera uma situação com impactos em cadeia. Os aterros e lixões, depois de alguns anos, vinte ou trinta em média, tornam-se enormes montanhas, alterando a paisagem natural do local. Devido a destinação inadequada de resíduos, a massa que forma essas montanhas acaba sendo composta por materiais orgânicos, que se degradarão em algumas semanas ou meses e outros, como garrafas plásticas, por exemplo, que demorarão séculos para serem degradadas.

Essas montanhas ficarão em processo de decomposição, que farão a estrutura do morro se mover e em alguns casos desabar, como já aconteceu em São Paulo, no aterro Bandeirantes, desativado por falta de capacidade e mais recentemente em Niterói, no Morro do Bumba, este caso agravado pelas chuvas.

A questão não acaba aí. O que acontece quando esta área tem sua capacidade esgotada? Seu lixo continua viajando, mas desta vez vai mais longe, para alguma cidade vizinha que ainda esteja disposta a receber o lixo do alheio.

Mas será que alguém quer receber lixo dos outros? Claro que sim.
As prefeituras pagam às prestadoras de serviço para que esse lixo todo seja transportado, longas distâncias só farão o custo do serviço aumentar e isso é muito vantajoso para todos, pois onde há mais dinheiro, sempre sobra dinheiro, você compreende?

Neste novo cenário temos mais emissões de gases em consequência do transporte rodoviário, mais custos para a sociedade e ônus para a natureza. De quebra, ainda dificultamos o trabalho de catadores, que passam a ter menos acesso ao material reciclável que era bravamente retirado dessas montanhas.

Um exemplo prático é o Lixão da Alemoa, na Vila dos Criadores, em Santos. Se você olhar no Google Earth, vai encontrar um morro que não fazia parte da paisagem desse local. Desde sua desativação, em 2003 o lixo passou a viajar para um outro depósito ao redor de Bertioga.

O mesmo acontece em Ubatuba, que exporta seu lixo para a cidade de Tremembé e Santa Isabel, na Grande São Paulo. Já que o aterro de Ilhabela, que recebia o material, não suporta mais receber nem um guardanapo.

E o lixo de Ilhabela, para onde vai então? Vai pra lá também, só que nesse caso a logística é ainda mais complicada. Tem que esperar a maré favorável para embarcar na balsa da Dersa.

Um problema global empurrado com a barriga, de grandes interesses políticos e consequências desastrosas para a sociedade e para a natureza. Um problema que pela negligência das autoridades acaba gerando desastres como o do Morro do Bumba, em Nitérói, onde o governo estimulou a ocupação da área do antigo lixão com fins residenciais.

Enquanto isso, o esforço para não colocar o seu lixo junto com esse lixo viajante ainda é a melhor e mais pratica solução.

Recicle mais, recicle sempre.

Erich Burger
@recicleiros

Sacolas plásticas, como viver sem elas

A onda de preservação ambiental transformou as sacolas plásticas em ícone de atitude consciente. Recusar as tão populares sacolinhas no caixa do surpermercado virou sinônimo de comprometimento e empenho em salvar o planeta.

Entretanto, muitas das pessoas que adotam esse comportamento se veem as voltas com a questão do descarte do lixo doméstico entre outras funcionalidades normalmente atribuidas às sacolas plásticas.

Como descartar o lixo doméstico se não houver saquinho nas lixeiras? Essa é uma questão delicada e que não possui uma resposta definitiva, pelo menos por enquanto. O que temos na verdade são alternativas para reduzir o consumo, enquanto medidas substitutas não estão disponíveis no mercado.

Trata-se de uma questão de demanda, reduzir a quantidade de sacolas plásticas consumidas, desperdiçadas e enviadas aos aterros. O maior problema causado pelas sacolas está relacionado ao lixo. Milhões de sacolas são enviadas diariamente aos aterros como se fossem embalagem para lixo.

O que acontece é que as sacolas impedem a degradação natural do lixo e impermeabilizam o solo, formando uma grande montanha que irá demorar séculos e séculos para se degradar. Os efeitos dessa montanha de lixo são vários, todos prejudiciais ao meio ambiente. Nossa missão será então reduzir ao mínimo possível a quantidade de lixo que cada um de nós envia para esses depósitos.

Como fazer? A primeira dica é reciclar, muito. Quanto mais você reciclar, menor será a quantidade de resíduos descartados na lixeira dos não recicláveis, aqueles que vão para aterro. Por isso, recicle todo e qualquer resíduos sólido, mesmo aqueles que você tem dúvida ou que se dizem não recicláveis. O mehor critério para acabar com as dúvidas é o do lixo seco e lixo úmido. Os secos são recicláveis, os úmidos não. Mas veremos mais a frente que podemos transformá-los em adubo, ou seja, reciclá-los.

Exercitando bem essa separação, cerca de 70% do volume de lixo gerado em sua casa já será desviado dos aterros e sua necessidade de consumir sacolas plásticas para o lixo reduzirá na mesma proporção.
Use sacos grandes para os recicláveis, recomendo os de 100 ou 200 litros.

Se 70% dos resíduos deixaram de ir para o lixo, temos agora que resolver os outros 30% que correspondem aos resíduos orgânicos e não-recicláveis.

Se você adotar um sistema de compostagem, grande parte desse volume poderá ser transformado em adubo. Para isso, o mais indicado são os minhocários domésticos, que podem ser mantidos em casa ou no apartamento e não representa uma mega revolução nos seus hábitos, apenas um pouco de disposição que com certeza será revertido em momentos de diversão. Se você tem crianças em casa, nem se fale, é uma mistura de aula de ciências, biologia, artes e outros assuntos.
Para isso leia o post anterior onde falei sobre as técnicas de compostagem doméstica.

Como nos minhocários não colocamos carnes e também não reciclamos alguns materiais como aqueles saquinhos de mostarda e catchup de lanchonete, esses são os que chamamos de rejeito e por isso vão parar nos aterros. É para eles que precisamos de saquinhos plásticos, muito menos do que precisavamos antes mas ainda necessários pois vão embalar inclusive o lixo de banheiro.

Se você adotar as recomendações desse post, poderá orgulhar-se de ser um cidadão modelo em relação aos resíduos que você gera. Como eu falei, não requer grandes revoluções, apenas prática e habilidade que virá com o tempo.

E com o tempo poderemos colocar o lixo de banheiro em saquinhos biodegradáveis, resolvendo de vez o problema em questão.

Erich Burger
@recicleiros

terça-feira, 13 de abril de 2010

Arquiteto Massimo Iosa Ghini

“Sustentabilidade é produzir qualidade e beleza com recursos limitados”
Nos anos 1980, o arquiteto italiano Massimo Iosa Ghini começou a carreira fazendo design de vanguarda. Na época, trabalhou no grupo Memphis, criando objetos e móveis inusitados. Depois, fundou seu estúdio de arquitetura e design. Antes de uma visita a São Paulo, para uma palestra na feira Revestir, ele falou com Casa Claudia.


Cristina Bava e Lucila Vigneron Villaça
Revista Casa Claudia – 03/2010

Quais são suas expectativas em relação ao Brasil?
Eu já estive no Brasil. Eu me lembro de que visitava o Rio de Janeiro e pedi para ir a Brasília, o que causou estranhamento nas pessoas. Algumas coisas me chamaram a atenção no país: a arquitetura de vanguarda, a inovação na área social e a afinidade com a cultura italiana. Sou um grande admirador de Niemeyer: sua nãorenúncia à expressividade o torna uma espécie de herói.

Você fará uma palestra sobre sustentabilidade e beleza na arquitetura e no design. Como une essas duas características em seus projetos?
A sustentabilidade pode ser interpretada como algo racional e funcional: uma resposta técnica ao problema doequilíbrio ambiental. Mas acho que não podemos ignorar o lado instintivo, poético, inexplicável, o tremendo esforço de unir a necessidade material à elevação espiritual.

A busca da beleza como elevação fez parte da tratradição humanística italiana e eu sou parte dessa história. A sustentabilidade também sempre faz parte desse percurso projetual. O design italiano mostrou ao mundo como produzir qualidade e beleza com recursos limitados. E eu busco me manter fiel ao espírito dessa tradição.

Você se formou em arquitetura, mas trabalha em muitas áreas: projetos de edifícios, design de interiores e design de produtos. Tem alguma preferência?
Penso no projeto como uma viagem em que o ponto de partida é entender os problemas e encontrar as melhores respostas. É nossa tarefa achar a solução que tenha o poder de convencer, com um pequeno ou um grande salto à frente. Esse método se aplica a qualquer projeto, de uma colher a uma cidade. Ultimamente, amo projetar edifícios porque é uma comunhão de muitas soluções, que deve produzir um resultado único e harmônico.

Como é o seu processo de produção?
O processo criativo é todo desenvolvido em nosso estúdio: nós “colocamos numa caixa” todos os problemas, e ali conversamos, discutimos, desenvolvemos, corrigimose tudo recomeça. Depois de várias etapas como essa, aflora a qualidade. Mas nem sempre, pois não é fácil. Com insistência, acontece, pois essa é a lógica do projeto. Eu desenho objetos artísticos e para a indústria. Os artísticos são fruto de uma exigência pessoal, cuja única intenção é estimular a mim mesmo. Há outros que servem para provocar debates. Também desenho objetos que são condicionados à exigência do mercado.

Você prefere trabalhar com algum material?
Já desenhei objetos de plástico, fibra, vidro, metal, cerâmica, pedra. A madeira passou a me interessar agora, pois percebo que ela tem afinidade com meu modo de ver o mundo hoje. Nem todos os tipos de madeira servem, mas muitos podem ser usados e ajudam a não emitir CO2.

Como o design contribui para melhorara vida das pessoas?
O design é um pensamento aplicado às transformações da matéria. Não acredito que seja demagógico dizer que, onde há pensamento, há evolução e aumento de qualidade de vida para as pessoas.

Como a tecnologia influencia seu trabalho?
A tecnologia mudou muitas coisas em nosso jeito de trabalhar: menos desenhos e mais pensamento, mais trocas via web. Porém a meta permanece intacta. Em meu estúdio, sou o único que ainda trabalha com lápis.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Reflexão...

"Há os que acham que conservar as florestas é perda de tempo; outros acham que elas não se podem tocar. É o processo da vida. Desta vez estarás do nosso lado...do outro, os mais poderosos. Do equilíbrio desta luta surge a verdadeira ecologia. Muitas árvores foram arrancadas para dar passagem a estradas e cidades, se não fosse por isso não estarias aqui. O homem e a natureza se servem; o desafio é aprender a fazer isso com harmonia"

Trecho do livro "O REENCONTRO - 427 Anos Depois" de Octávio Calonge

sábado, 3 de abril de 2010

Coca-Cola Brasil lança garrafa PET feita a partir de cana-de-açúcar

Material tem origem parcialmente vegetal e pretende reduzir a dependência da empresa em relação aos recursos não renováveis, além de diminuir em até 25% as emissões de gás carbônico, principal gás causador do efeito estufa


Fonte: INSTITUTO AKATU

A Coca-Cola Brasil, parceiro associado do Instituto Akatu, lançou no dia 25 de março, a PlantBottle - primeira garrafa PET feita parcialmente de material de origem vegetal, ou seja, 30% a base de planta. Em sua composição, o etanol da cana-de-açúcar, substitui parte do petróleo como insumo na nova embalagem, reduzindo em 25% as emissões de CO2, principal gás causador do efeito estufa, ao mesmo tempo em que diminui a dependência da empresa em relação aos recursos não renováveis.

O lançamento aconteceu no Jardim Botânico do Rio de Janeiro e contou com a presença do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc; do presidente da Coca-Cola Brasil, Xiemar Zarazúa; do vice-presidente de Técnica e Logística da empresa, Rino Abbondi; do presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Marcos Jank; e da gerente de Operações do Instituto Akatu, Heloisa Mello.

“Houve uma grande mobilização e investimentos para chegarmos à fórmula da PlantBottle e, com seu lançamento, confirmamos novamente nossa posição de vanguarda na inovação de embalagens. Ao substituir parte do petróleo usado na fabricação do PET por etanol de cana-de-açúcar, um recurso absolutamente renovável e abundante no País, a Coca-Cola Brasil inaugura uma nova era para as embalagens plásticas”, afirmou Xiemar Zarazúa, presidente da Coca-Cola Brasil.

A expectativa é que, ainda em 2010, a produção inicial das garrafas PlantBottle resulte na redução de uso de mais de cinco mil barris de petróleo, segundo Rino Abbondi, vice-presidente de Técnica e Logística da empresa.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, parabenizou a iniciativa e declarou esperar que “outras empresas sigam iniciativas como esta, reduzindo o uso de materiais de origem fóssil e investindo em embalagens recicláveis". Minc garantiu ainda que o país está preparado para a expansão do etanol sem prejudicar a produção de alimentos. "Não haverá plantio de cana em áreas destinadas à produção de alimentos".

Segundo Rino Abbondi, vice-presidente de Técnica e Logística da empresa, “o Brasil é um dos primeiros mercados a adotar a PlantBottle e acreditamos que, com isso, a Coca-Cola Brasil e seus fabricantes incentivam as demais indústrias a tomar medidas semelhantes. Vale destacar que 100% das embalagens de PlantBottle de todo o mundo usará etanol brasileiro".

Sem mudança de propriedades químicas, cor, peso ou aparência em relação à PET convencional, a PlantBottle é 100% reciclável e já entra na cadeia de reaproveitamento de materiais consolidada no País desde sua chegada ao mercado. A nova garrafa começará a ser comercializada em abril, inicialmente nas embalagens de Coca-Cola de 500ml e 600 ml, no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Porto Alegre.

Cadeia de suprimentos e sustentabilidade
De acordo com a Coca-Cola, a cana-de-açúcar utilizada para produzir as garrafas PlantBottle provém de fornecedores auditados, que utilizam essencialmente a irrigação natural (chuva) e a colheita mecânica. No Brasil, 99,7% dos campos de cana-de-açúcar estão a pelo menos 2.000 km da Amazônia.

“Esse é um compromisso fundamental que as empresas precisam assumir. Além de buscar iniciativas de produção amigáveis ao meio ambiente, elas devem informar ao consumidor sobre as cadeias de produção de seus produtos. Só assim o consumidor pode fazer sua escolha, premiando as empresas que se preocupam com a preservação dos recursos naturais”, declara Heloisa Mello, gerente de operações do Instituto Akatu.