quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Campanha da separação do lixo volta a ser veiculada na mídia



Campanha da separação do lixo volta a ser veiculada na mídia

por primeiraedição

Começou neste domingo (20/11), no intervalo do Fantástico, da TV Globo, a campanha “Separe o lixo e acerte na lata”, dos ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Social, volta a ser veiculada. Os filmes e spots da campanha serão também divulgados nas principais emissoras de TVs e de rádios do Brasil até o dia 8 de dezembro.

Com o slogan “Separe o lixo e Acerte na Lata”, a campanha quer alcançar os lares brasileiros, preparando eles para uma mudança de comportamento em relação à coleta seletiva do lixo, começando com um simples gesto de separar o lixo seco do úmido. A campanha procura mostrar os benefícios ambientais, sociais e econômicos do reaproveitamento dos resíduos sólidos para o País.

A separação do lixo seco e do úmido permite ao catador, principal aliado no processo de reciclagem, acesso mais rápido e higiênico aos resíduos descartados, garantindo dignidade e renda para milhares de famílias.

Além da mobilização da sociedade, a campanha ressalta a riqueza ambiental e social do lixo. A intenção é demonstrar o desperdício de recursos naturais consumidos na fabricação de novos produtos e a poluição provocada pela sua manufatura.

A iniciativa da campanha reforça a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – Lei 12.305), aprovada no final de 2010, que prevê a desativação dos lixões até 2014. Com isso, os aterros sanitários deverão receber apenas os rejeitos, aquilo que não pode mais ser reutilizado ou reciclado.

Em função da nova realidade, a coleta seletiva e a logística reversa terão de ser implantadas em todos os estados e municípios e a população é parte fundamental para iniciar o processo dentro de casa.

Também é uma oportunidade de divulgar as diretrizes propostas pela PNRS, importantes instrumentos, como a logística reversa dos itens previstos na lei, ações de Educação Ambiental e demais encaminhamentos do Comitê Interministerial para discussões sobre a nova política.

História – Há mais de 20 anos, o Brasil esperava pela aprovação de um marco legal que definisse instrumentos e responsabilidades para a geração dos mais diversos tipos de resíduos sólidos, entre eles, a novidade dos materiais eletrônicos, para os quais não existe lei federal definindo o descarte.

O que se pretende com a nova política nada mais é do que a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental, a adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais e a gestão integrada de resíduos sólidos, entre outros. Um outro importante objetivo é a integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

A nova política é clara em definir de que forma se dará o gerenciamento de resíduos sólidos, indicando inclusive sua ordem de prioridade que será a de não-geração, a de redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos.

Estádio Nacional de Brasília quer ser um dos mais sustentáveis do mundo



A cidade de Brasília, que abrigará importantes jogos da Copa de 2014, pretende transformar o estádio Mané Garrincha em uma das arenas de futebol mais sustentáveis do mundo. O estádio terá capacidade projetada para 70 mil pessoas e pleiteia a certificação Leed Platinum, selo máximo da construção ecologicamente correta fornecido pelo instituto americano U.S. Green Building Council (GBC).

Para obtê-lo, a obra tem de atingir no mínimo 80 pontos de um total de cem. São avaliados o consumo de energia, o reaproveitamento de água, o uso de materiais certificados ou reciclados na construção e no mobiliário, a localização do empreendimento e a baixa produção de resíduos, entre outros itens.

Outros oito estádios brasileiros almejam a certificação básica do Leed e para isso precisarão cumprir mínimos 50 pontos o selo é condição para receber financiamento do BNDES, que possui uma linha de créditos especial para ecoarenas. Seguir com rigor os padrões tem seu preço: a construção fica até 5% mais cara.

Em compensação os custos com manutenção e operação caem drasticamente, diz Vicente Castro Mello, sócio da Castro Mello Arquitetos, escritório responsável pelo projeto brasiliense. Segundo cálculos da firma, a economia de operação do novo Mané Garrincha poderá chegar aos sete milhões de reais por ano.

Especializado em arquitetura esportiva, ele foi um dos idealizadores, ao lado do economista americano Ian McKee, do Projeto Copa Verde. “A ideia central é usar este megaevento esportivo para transformar a cidade, criando um legado sustentável”, afirma. “O estádio deve servir para múltiplos usos, além das partidas de futebol. Queremos que ele seja a melhor arena para shows da América Latina”, diz.

Orçada em 671 milhões de reais, o estádio deverá passar por uma rígida auditoria do GBC, que vai avaliar se ele está realmente apto a levar o certificado Platinum.

As chances do estádio conseguir o selo máximo são altas, mas é necessária precisão na execução das obras, avalia Marcos Casado, gerente técnico do GBC Brasil, braço nacional do instituto americano. A vantagem é que a sustentabilidade é parte integrante da concepção do projeto de Brasília, o que torna o objetivo mais fácil de ser alcançado.

Design integrado à cidade

Brasília tem uma arquitetura marcante, tombada pelo patrimônio histórico. Uma das características que mais saltam aos olhos são as colunas sempre posicionadas à frente dos palácios, como no Supremo Tribunal Federal, no Palácio do Planalto e no Itamarati. Respeitando esse desenho, o escritório de arquitetura bolou um estádio com colunas que garantem 30% de sombra, como se fosse um chapéu.

Longe de mero efeito figurativo, a fachada foi pensada a partir de uma análise bioclimática da construção. Durante um ano inteiro, 26% do tempo, um ser humano se sente bem dentro de uma edificação comum de Brasília, sem precisar recorrer ao ar condicionado ou aquecedores. Em outros 30% de tempo, é preciso proteção nas janelas, para garantir zona e conforto, sem gastar com aparelhos.

Uma Copa para fazer a pé ou de bike

Com o aeroporto a 15 minutos do estádio, o projeto prevê um sistema de transporte interligado e eficiente. O plano é ter um BRT com ônibus ecológicos, de combustível híbrido e um programa público de aluguel de bicicletas, com a criação de 600km de ciclovias. “Vai ser possível ir pedalando de bike do aeroporto para o estádio”, diz Vicente.

Ou ainda fazer a pé o caminho entre o estádio e o hotel, já que a rede hoteleira se concentrará em um raio máximo de 3km do centro esportivo. No meio do caminho, há museus, teatros, hospitais e uma rodoviária. A acessibilidade é outra questão importante para um estádio verde. Além de elevadores, rampas facilitarão o acesso de pessoas com deficiência ou cadeirantes a vários níveis da arena.

Iluminação eficiente e renovável

O estádio de Brasília terá uma megaestrutura de painéis solares capaz de gerar 2,54 MW, o equivalente à demanda energética de 1,4 mil residências por dia. Na maior parte do tempo, ele será autossuficiente em energia, e o excedente será repassado para rede ou vendido.

Em dias de jogos, quando houver pico, o estádio terá capacidade de prover 50% da energia, a outra metade virá da concessionária que recebeu anteriormente o excedente. Todo o sistema de iluminação da arena será em LED. E com uma disposição eficiente das luzes no campo é possível reduzir em até 18% o consumo de energia.

Paisagismo local
O projeto conta com aproximadamente 230 mil metros quadrados de áreas verdes. A vegetação será de espécimes nativas do cerrado de Brasília para reduzir a necessidade do consumo excessivo de água na irrigação e manutenção. O paisagismo terá piso drenante e refletivo, que não absorve calor.

Uso inteligente de água
O projeto prevê um sistema de captação de água da chuva, que será filtrada para abastecer toda a demanda do estádio. Nos banheiros masculinos, serão usados mictórios que dispensam água. Utilizado em larga escala nos EUA, o sistema usa um óleo vegetal: no acionar da descarga, o óleo sobe e a urina desce por gravidade para a rede de coleta de esgoto. Segundo Vicente, essa tecnologia tem apelo financeiro porque, além da economia de água, dispensa instalações necessárias para um banheiro com descarga tradicional.

Cobertura que captura CO2

Esta é talvez uma das soluções mais high tech do estádio. A cobertura será feita de uma membrana branca que reflete o calor e tem dióxido de titânio em sua composição. Este elemento, em contato com a umidade do ar e as gotas da chuva, se comporta como se fosse um teflon (revestimento de panela) - nele sujeira não gruda nem se acumula.

Mais, a reação química entre as moléculas de água e o CO2 da atmosfera na presença do dióxido de titânio gera CO3, nitrogênio. “É como se essa membrana fizesse uma espécie de fotossíntese, retirando o gás carbônico da atmosfera”, conta Vicente.

As informações são do Green Building Council Brasil.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Gestão do Lixo

Estudo alerta sobre a carência de planejamento para gestão do lixo em empreendimentos de interesse social


Condomínios populares também precisam de gestão do lixo. A idéia que parece óbvia não é uma realidade e merece atenção quando o assunto é moradia de interesse social.

Uma avaliação técnica realizada em 11 empreendimentos do Programa de Arrendamento Residencial (PAR), na cidade de Pelotas (RS), permitiu medições das trajetórias percorridas pelos usuários até a deposição do lixo – e mostra que os moradores chegam a caminhar três vezes a distância recomendada. O estudo revela que mais de 80% dos condôminos estão a distâncias inadequadas dos pontos de coleta.

“Analisando os gráficos percebe-se que o lixo não é pensado como uma rede de pontos conectados dentro do espaço condominial. Não é concebido como um sistema que precisa de deslocamento entre um ponto e outro”, explica a arquiteta Ângela Cristina Bosenbecker, do Núcleo de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Em sua opinião, há uma negação por parte dos projetistas e analistas de projetos sobre a existência do lixo. “É como se este serviço de apoio à vida diária fosse ignorado pelas normas e pelos projetistas, e só viesse à tona quando as falhas na prestação do serviço deixassem suas marcas: lixo acumulado, dejetos após a passagem do veículo coletor, odores”, complementa a professora Nirce Saffer Medvedovski, orientadora do projeto ´Geração de indicadores de qualidade de espaços coletivos em Empreendimentos de Habitação de Interesse social (Inqualis)`. Este projeto da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) tem apoio financeiro do Programa Habitare, da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), por meio da rede de pesquisa ´Ciência e tecnologia e inovação para a melhoria da qualidade e redução de custos da Habitação de Interesse Social`. A universidade desenvolve o trabalho com foco nos espaços coletivos dos empreendimentos.

Serviço desprezado

O cuidado com o lixo foi avaliado em 11 conjuntos residenciais do Programa de Arrendamento Residencial na cidade de Pelotas

O estudo também alerta para a falta de integração entre o sistema de coleta municipal do lixo e o sistema interno do condomínio.

Além disso, sem investimentos em materiais e equipamentos no período da construção dos conjuntos, esse serviço fica relegado a um segundo momento, para que os usuários, administradoras e o poder municipal decidam sobre sua operação e manutenção.

De acordo com a equipe, recomendações sobre acondicionamento e coleta do lixo domiciliar são raras na bibliografia em geral. “O tema é tratado de forma sucinta, como parte das normas relativas ao sistema viário, e as orientações são eminentemente qualitativas, deixando ao bom senso e experiência dos urbanistas e administradores decidir sobre como concretizar o serviço”, descreve Ângela em um artigo que será levado em novembro ao Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído.

Segundo ela, alguns códigos de obra exigem para os condomínios localizados nos bairros servidos com coleta seletiva de lixo a colocação de recipientes próprios, que garantam a coleta distinta dos resíduos, cabendo ao executivo municipal determinar a quantidade e capacidade destes equipamentos. Mas não há na legislação referências quanto ao dimensionamento, localização e tipologia destes aparatos para disposição do lixo.

“É um conhecimento fragmentado, com pouca ênfase nas relações de desempenho da limpeza das áreas habitacionais”, complementa. Para a equipe, o trabalho ressalta a importância de que os conjuntos habitacionais populares tenham uma concepção de gestão do lixo domiciliar na etapa de projeto, incorporando hábitos da população, aspectos climáticos e de desenho urbano.

A pesquisa

Foram avaliados 11 conjuntos residenciais do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) em Pelotas (RS), totalizando 1.506 unidades. Questionários foram aplicados para percepção do nível de satisfação dos usuários em relação ao sistema de coleta de lixo e à limpeza dos condomínios.

Para a avaliação técnica, além de material fotográfico produzido durante as visitas, foi usado check-list para levantamento de informações como órgão responsável (público, privado, prefeitura); localização dos depósitos de lixo (in loco); verificação da existência de depósitos inapropriados (in loco); frequência da coleta (com o órgão responsável); averiguação da existência ou não de coleta seletiva (órgão responsável e/ou in loco).

Este estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) tem apoio financeiro do Programa Habitare, da FINEP, por meio da rede de pesquisa ´Ciência, tecnologia e inovação para a melhoria da qualidade e redução de custos da Habitação de Interesse Social`.

A equipe leva em conta que a maior parte das avaliações das etapas de uso e manutenção desse tipo de empreendimento é voltada para a unidade habitacional (casa ou apartamento). Além disso, em geral os condomínios priorizam espaços de circulação e estacionamento, com blocos dispostos de forma isolada, sem criar espaços comunitários. Mas para comunidades de menor renda, espaços como parques, quadras, salões de festa e acessos têm grande importância, especialmente devido ao reduzido tamanho das moradias, às necessidades de socialização e privacidade, de geração de renda e dos reduzidos custos direcionados à manutenção, entre outros desafios relacionados a empreendimentos populares. O objetivo da equipe é propor indicadores para os processos de projeto e gestão das áreas coletivas dos conjuntos habitacionais.

Cidades renovadas

Em vários pontos do planeta, áreas degradadas, antes ocupadas por indústrias, passam por recuperação para dar lugar a edifícios residenciais

Giuliana Capello
Arquitetura & Construção - 10/2011

"O novo uso ajuda a revitalizar o espaço urbano", diz Jaime Ohata, diretor da consultoria de meio ambiente Geoklock, de São Paulo. Na Europa, esse movimento é comum. O escritório americano Moore Ruble Yudell, por exemplo, aproveitou um local onde funcionava uma fábrica de carros, na cidade sueca de Malmö, e implantou ali um conjunto de prédios (acima).

Antes trocou parte do solo contaminado com agentes químicos por terra limpa e incluiu no paisagismo plantas que absorvem substâncias tóxicas. Grandes construtoras paulistas também aderiram à onda. "Bem localizados e mais baratos, esses terrenos são bom negócio para abrigar imóveis de alto padrão e assim garantir retorno comercial do alto custo de tratamento", fala Antonio Setin, presidente da construtora Setin. "O uso só é liberado diante de um plano de intervenção que garanta a segurança do futuro empreendimento", diz Elton Gloeden, gerente de Áreas Contaminadas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

É SEGURO MORAR AQUI?
Para conseguir um parecer da prefeitura de São Paulo, que libera o uso da área comprometida, as construtoras são obrigadas a apresentar um plano de descontaminação. "Ele deve eliminar qualquer risco à população", diz Rodrigo César Cunha, gerente de Gestão de Recursos para Investigação e Remediação de Áreas Contaminadas da Cetesb. Por lei, eventuais restrições de uso do solo ou da água subterrânea ficam registradas na escritura do imóvel e podem ser consultadas. "Antes da compra, verifique se o endereço integra uma lista de áreas comprometidas já reabilitadas", indica. A da Cetesb pode ser conferida no site www.cetesb.sp.gov.br.